sábado, 13 de junho de 2015

Casa e Quinta da Boavista e rota das origens de Santo António!




Roteiro para a próxima visita a ter lugar segunda -feira, dia 21 e que conta com a honrosa presença de Frei Severino da Ordem Francisca de Pádua - responsável pela Paróquia de Santo António dos Olivais em Coimbra. (sobre este assunto ver aqui noticia da visita, no mesmo tema Santo António)

P. S. - Porque temos em Paiva locais onde há evidências materiais que alguns autores, desde o século XIX, e a tradição oral ligam à família de Santo António, aproveitamos este evento e sinalizamos e identificamos três deles a saber, a Casa da Torre de Vegide, o Paço de Gondim e o Portal da Serrada. 
Agora já é mais fácil aos visitantes, turistas e até muitos conterrâneos ver com os seus olhos estes locais, visita que contribuirá para não deixar cair no esquecimento esta outra imagem de Paiva a par de outros locais e cidades de vida de Santo António.








Chuva não quebra ossos...partimos da Frutuária, pela Rua Teresa Taveira acima, passamos a presa dos sapos, ao lado do forno telheiro, e  pelo poente do Bairro Social de Corvite chegamos às Pias dos Mouros  - monumento classificado como Valor concelhio.
Nestas sepulturas segundo Adriano Strecht de Vasconcelos in "Lendas e Tradições de Castelo de Paiva" foram sepultados os avós maternos de Santo António.
De longa data a ADEP vem reclamendo da autarquia outra atenção a este espaço; igualmente reclamou - sem êxito -  a reclassificação por forma a integrar outros valores das imediações como o "altar de sacrificios"  e acautelar os inumeros vestígios e testemunhos, designadamente cerãmicos.
Tem havido contactos mais recentes com a União de Freguesias de Sobrado e Bairros que faz acreditar haver vontade desta autarquia para avançar com um arranjo do espaço.




descemos e visitamos a capela e Casa da Torre de Vegide. Em primeiro plano pode ver-se uma parede dupla, tipicamente medieval, arruinada, e que temos sugerido deveria ser estudada. L. Lousada Soares em visitas efectuadas ao local para recolha fotográfica, que doou à ADEP, recomenda uma escavação arqueológica.


Hoje na Casa da Torre de Vegide um casal jovem agricola explora uma plantação de Kiwis por conta dos usufrutuários. Na casa o piso térreo ainda exibe galhardamente 4 grandes lagares de vinho, os pesos e as varas, mas os feixes já foram saqueados... Outrora foi esta a casa da morada da mãe de Santo António e seus pais.

 Pinho Leal diz que em Vegide existe uma ermida que  foi templo romano e mesquita árabe (…)essa ermida deve ter sido reconstruida posteriormente, a julgar pelos azulejos interiores, característicos do séc. XVI.  Esta capela está igualmente classificada como monumento de Valor concelhio. Encontra-se totalmente saqueada, não tem já azulejos, altares ou qualquer mobiliário...



pelo caminho passamos pela ADEGA COOPERATIVA DE CASTELO DE PAIVA, o edificio sede e agro-industrial para a produção de vinho do concelho, onde tanto se apregoa o verde de excelência, agoniza e caiu nas "garras" de um armazenista quando nos anos 50 - integrou um projecto audaz,  com muito suor e trabalho, dos agricultores da região, numa atitude corajosa de enfrentar os intermediários e negociantes que sempre lhe cercearam os já curtos proveitos...




Chegamos à Serrada (ou Cerrada??)



e uma vez  mais lamentamos o estado do seu Portal, cujo brazão com a cruz abolotada dos Bulhões continua amparado por uma escora...

Um membro da Casa da Boavista casou com D. Antónia Matilde Pereira de Bulhões, herdeira da Casa das Serradas e descendente do ramo principal dos Bulhões de Portugal. Segundo Abilio Miranda (1), autor penafidelense de "O Menino de Valga", ed. 1942, 







"Nesse solar, onde ainda hoje existe parte das grandes casas  - Paço de Gondim -  e o portão das mesmas com o seu brasão, viveu - segundo a tradição - Martim de Bulhões e Maria  Teresa Taveira, pais de Santo António".



De regresso à Vila subimos até à Casa Chão do Outeiro, no coração da Vila, onde Pinho Leal diz ter existido uma capela e um cruzeiro que foi destruido para abertura da estrada. Hoje não existem vestígios evidentes da capela (senão de um pequeno oratório a Santo António) nem do cruzeiro, nem mesmo do Pelourinho que Pinho Leal diz ter existido "na retaguarda da casa da Câmara (atual cadeia)".

Aqui segundo Adriano Strecht Vasconcelos foi antigo Mosteiro Beneditino: 
"Na Honra de Sobrado, a lenda reza
Um cenobio existiu, beneditino,
Onde, na velha torre, com surpresa
Se viram os Anjos a tocar o sino
Para avisar o Céu do matrimónio 
   Dos que iam ser os pais de Santo António".



Finalmente à entrada da Casa da Boavista O Marmoiral - uma memória do duelo travado por Martim de Bulhões contra o seu rival D. Fafes da Raiva



Ali ao lado o edifício da adega está destelhado e o estado do seu interior adivinha-se, e lamenta-se, estará  a perder-se para todo o sempre uma imponente adega,  onde trabalharam longas vidas, muitos lavradores e assalariados, e que merecia melhor sorte, por respeito àqueles e a todos nós, tanto mais sendo propriedade do Municipio, terra com tanta tradição na arte e cultura do vinho...





E não visitamos a Casa da Boavista porque não nos foi franqueada a porta , apesar das insistentes diligências efectuadas, perante o usufrutuário Sr. Viriato Soares que alegou não ter disponibiulidade para mostrar um património arruinado e degradado, abandonado pelo Municipio. Gostariamos de visitar, designadamente a Capela de Santo António, a Casa e Jardins, (como já aconteceu noutras ocasiões, diga-se). Estes espaços foram recentemente classificados pela DGPC (Direção Geral do Património Cultural).
Perdeu-se a oportunidade de colocar aqui algumas imagens da degradação e deixar algumas impressões sobre a urgência e necessidade dessas intervenções (como deixamos quanto ao conjunto dos visitados), cuja saída temos defendido deveria ser enquadrada no âmbito da Rota do Românico (uma vez que todo este conjunto de valores e monumentos associa a Castelo de Paiva memórias e lendas da vida dos pais de Santo António (de Lisboa?)


Deixamos aqui um agradecimento a todos os que tornaram possível esta iniciativa, e seus participantes, designadamente aos escuteiros do agrupamento 1258 de Castelo de Paiva.

(1) - Bibliografia de suporte: sobre estas memórias e lendas ler: "Portugal Antigo e Moderno de Pinho Leal , "Lendas e Tradições de Castelo de Paiva" de Adriano Strecht Vasconcelos; "O Menino de Valga" de Abilio Miranda; "Elementos para a História de Castelo de Paiva" de Margarida Rosa Moreira de Pinho e "Santo António de Lisboa - encontro nas origens - Castelo de Paiva, de Mário Gonçalves Pereira, entre outros











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