Depois que tudo o que se fez foi vandalizado e destruído, é necessário recomeçar. Mas haja vontade e a coisa vai. Estas pedras mandadas colocar pelo Vereador António Rodrigues são exemplo dessa vontade. O cerco que começou com a colocação de iguais pedregulhos num dos acessos, no início do ano pela ADEP, (com a acordo do proprietário) parece que agora vai fechar-se!
em 28-06-2008 acreditava-se...
"O monumento mais emblemático do megalitísmo do concelho vai beneficiar de uma cintura de protecção e de uma tela informativa.
A ADEP, a Junta de Freguesia do Paraíso e o proprietário do terreno chegaram a um acordo quanto ao essencial dos trabalhos, que irão beneficiar dos materiais disponibilizados pela anterior zona de protecção ao Marmoiral e que nos haviam sido doados pelo nosso associado Honorário José Maria Pinto Monteiro.
Este monumento pré-histórico "mamoa número um do Núcleo Megalítico de Carvalho Mau" como é designado cientificamente a partir das escavações que lhe foram realizadas em 1989, sob a responsabilidade do Arqueólogo Dr. Eduardo Jorge Lopes da Silva, forneceu segundo este técnico "um conjunto notável de fragmentos de cerâmica que se evidencia pela grande quantidade e variedade de elementos decorativos".
Com esta intervenção, depois das vicissitudes por que passou, este monumento (de um conjunto de várias dezenas que existem no concelho) vai tornar mais visível a habitabilidade da nossa região desde tempos remotos (2.º milénio antes de Cristo) e constituirá um motivo de visita e de conhecimento para a comunidade que se pretende cada vez mais informada e interessada na preservação e respeito pelos nossos valores da memória e da cultura em geral."
Na agenda cultural de Fevereiro teve honras de foto aérea a
Mamoa de Carvalho Mau, esquecido foi já o recinto megalítico…triste história a
que envolveu os projetos e interesses em disputa nos anos 90 e que “deu com os
burros na água”. Ficaram por terra muitos sonhos legítimos de quem ousou sonhar
que nesta terra havia uma aposta na arqueologia.
Hoje – é bom acordar para a realidade – com os pés no chão
saibamos valorizar o que resta. Se em Carvalho Mau temos uma mamoa parcialmente
escavada e publicada, não temos em nosso poder ainda o material arqueológico
então encontrado por Eduardo Jorge Lopes da Silva e sua equipa e neste momento (obra de vandalismo), também não
existe qualquer painel informativo ainda que decorram iniciativas no sentido da
sua reposição.
Nos anos oitenta a ADEP localizou e sinalizou para a Carta
Arqueológica cerca de quatro dezenas de Mamoas. Uma parte delas julgamos que não
resistiu à azáfama da eucaliptização e terão sido destruídas. Das que restam
era imperioso hoje fazer-se um trabalho de reconhecimento e confirmação GPS. Algumas como no caso da Mama D’oiro em Vales
(Tapado), de Chão da Forca (Carcavelos), do Alto da Forca e Sardeirinha (na
Ladroeira, em Bairros) e pelo menos uma de cada um dos recintos megalíticos da
Santa Eufémia; da Eira dos Mouros e Chandeira, a caminho de Santo Adrião, deviam
ser sinalizadas, e ter um painel informativo por se situarem em locais de fácil
acesso.
Para melhor conhecer este tema aconselhamos a leitura da Carta Arqueológica de Castelo de Paiva, edição da Universidade Portucalense, Porto 1996 e outras publicações no tema Monumentos e Arqueologia.
Convêm referir...
LAMENTAMOS O QUE SE ESTÁ A PASSAR COM A FALTA DE PROTECÇÃO AOS NOSSOS MONUMENTOS. HÁ OBRAS E TRABALHOS DE FLORESTAÇÃO QUE NÃO RESPEITAM, MAMOAS E OUTROS MONUMENTOS!
O assunto - no que respeita às Mamoas de Carvalho Mau, Paraíso- já chegou ao Parlamento (mas também à imprensa, à Câmara Municipal, à DGPC - Direcção Geral do Património Cultural, e até à GNR) e agora aguardamos que especialmente as entidades com responsabilidades na administração central e local tomem medidas, venham ao terreno e nomeiem vigilantes e/ou curadores, face aos atropelos, informem e notifiquem os prevaricadores dos seus direitos e deveres e acautelem actos desrespeitosos como os que vimos assistindo, sob pena de se perder irremediavelmente património histórico-arqueológico, megalítico dos nossos antepassados, de há 3000 a 3500 anos antes de Cristo. Sendo que além deste valores outros há de outras Eras a correr igualmente perígo.
O concelho não é tão rico assim que possa deixar perder este importante vector cultural indispensável a uma estratégica de desenvolvimento sustentável e que hoje é um aliado importante do turismo cultural.
É impensável que num concelho onde se cometeram ao longo dos anos tantos atentados ao património histórico e arqueológico, que tão divulgados foram, alguns deles onde houve intervenção dos Tribunais; terra que não mereceu ainda da administração local aprovisionamento de meios para uma reserva museológica, se desconheça, se desleixe, se deixe andar ao sabor dos interesses imediatos e individuais quando o património é um bem cultural que a todos pertence e é assim que terá de ser gerido e administrado.
Lamentamos!
escreveu Martinho Rocha