domingo, 28 de agosto de 2016

1.º HOTEL DE CASTELO DE PAIVA DATA DE 1899.

Memórias que fazem a História
HOTEL RIBEIRO
O 1.º HOTEL DE CASTELO DE PAIVA
MEMÓRIAS DE UM HÓSPEDE
Era o ano de 1951. No mês semi-escaldante de Julho, nos dias 16 e 17, ocorreram na Escola nº1 de Sobrado, sita na Rua Emídio Navarro, rua ainda sem toponímia naquela data, a prestação de provas do exame da designada 4.ª classe, ou 2.º grau, de alguns alunos do concelho entre eles três oriundos da Escola mista de Folgoso, freguesia da Raiva: José Mendes Leitão, Manuel Duarte de Almeida e o autor destas linhas Mário Gonçalves Pereira.
As provas decorreram em dois dias consecutivos, sendo o primeiro destinado a prova escrita e o segundo a provas orais.

Dado que os transportes públicos ou privados praticamente não existiam entre Sobrado e as localidades do baixo concelho, zona do Couto Mineiro do Pejão (embora já houvesse em Sobrado um carro de Praça), meu pai resolveu instalar-me no HOTEL RIBEIRO, na noite de 16 para 17. Não me recordo se meus companheiros de escola também aí pernoitaram. O júri dos exames foi presidido pelo professor Lobo, da Escola de Fornos, secundado pelas professoras da escola de Sobrado Arminda Gonçalves da Cunha e Aida Moura.







                                  Foto inserida em reportagem do mensário O Pejão da época

O Hotel, de 1899, o 1.º e único que existia em todo o concelho, com vista para o Largo do Conde, (à data da sua inauguração, ainda no tempo da Monarquia, nem sequer havia sido executada a estátua do Conde) ostentava em duas fachadas a designação: HOTEL, e também funcionava como Restaurante, como atesta a imagem.

O proprietário, Alfredo Augusto Ribeiro *, ainda possuía no rés-do-chão um estabelecimento Comercial. Pelo aspecto do candeeiro suspenso na fachada da rua, a iluminação seria a gás ou petróleo dado que a electricidade em Sobrado foi inaugurada só a 26 de Fevereiro de 1939.
A propósito deste Hotel, escreveu Guido de Monterey no seu livro de Agosto de 1997, Castelo de Paiva – Terras ao léu:
“HOTEL RIBEIRO, um hotel de cujas janelas se viu passar a história do concelho de Castelo de Paiva, sito ao Largo do Conde de Castelo de Paiva teve a sua inauguração solene a 20 de Agosto de 1899”.
“Novo hotel (Hotel Ribeiro) do Sr. Alfredo Augusto Ribeiro, no centro da Vila, inaugurado a 20 de Agosto de 1899”. (Do jornal “O Primeiro de Janeiro” de 3 de Setembro de 1899).
Embora no rés-do-chão, deste edifício, através dos anos, tenham aberto as portas ao público várias entidades comerciais, que lhe foram dando vida, do restante não existe mais do que uma recordação de outrora, uma lembrança de saudade dos tempos idos de quem por ali passou, como foi o meu caso, e que fica para a História.
Castelo de Paiva, 20 de Agosto de 2016                              
Mário Gonçalves Pereira 




* Alfredo Augusto Ribeiro é também uma personalidade da politica local republicana, tendo sido Presidente da Câmara a seguir à queda da Monarquia. Para falar sobre este e outros destacados actores da politica local voltaremos.

sábado, 20 de agosto de 2016

A Rota da Água e da Pedra

UM BOM DESTINO, no Douro - Castelo de Paiva, aqui certificado pelas Montanhas Mágicas, de que se deixa divulgação do ponto D1
fotos da Rota



http://www.rota-ap.pt/…/d1-couto-mineiro-do-pej…/como-chegar
Rota da Água e da Pedra
Linha D - Douro Ponto D1 (COUTO MINEIRO PEJÃO)

Descrição:
"Formado por várias explorações de carvão das quais se destacam as do Pejão, Fojo e Germunde, o Couto Mineiro teve o início da sua atividade em 1859. Geridas pela Empresa Carbonífera do Douro (ECD), estas explorações estavam integradas na bacia carbonífera do Douro, com rochas da idade Paleozoica do período do Carbónico. Da sua história, destaca-se o período a partir de 1933 com a chegada do belga Jean Tyssen que, com um elevado investimento, aumenta a produção das minas de uma forma impressionante, atingindo em 1957, as 350 000 toneladas de carvão extraído. Jean Tyssen também aplicou importantes políticas sociais, investindo na saúde, desporto, cultura, bem como na melhoria das condições de trabalho. Em 1994 as minas são oficialmente encerradas e, no mesmo ano, é inaugurada a estátua de homenagem ao mineiro, em Germunde."
Património Cultural:
"O Couto Mineiro do Pejão apresenta uma valiosa história, tendo aqui trabalhado milhares de pessoas. Este património material e imaterial é incalculável e, espalhados pelo território, podemos ver ainda vestígios da história deste lugar. Exemplo disso é uma das locomotivas a vapor em Pedorido, transporte que levava o material dos diferentes complexos para a foz do Arda, passando pela centenária ponte ferroviária do rio Arda, de onde seguiam pelo Douro até ao Porto. O transporte no Douro era feito pelos barcos rabões, conhecidos como a Esquadra Negra, com capacidade para cerca de 60 toneladas. No Complexo Mineiro de Germunde – as últimas minas em funcionamento – ainda é possível contemplar um vasto património que nos transporta no tempo, para a época em que centenas de pessoas ali trabalhavam. Este património edificado está envolto por um vasto bosquete com dezenas de espécies de árvores e arbustos, desde espécies autóctones, como o carvalho-alvarinho ou o freixo, a diversas espécies ornamentais, como o abeto, pseudotsugas ou vários cedros, suportando uma biodiversidade considerável com diversas espécies como o cogumelo dos 10 000 anos, usado ancestralmente na medicina chinesa.
Formado por várias explorações de carvão das quais se destacam as do Pejão, Fojo e Germunde, o Couto Mineiro teve o início da sua atividade em 1859. Geridas pela Empresa Carbonífera do Douro (ECD), estas explorações estavam integradas na bacia carbonífera do Douro, com rochas da idade Paleozoica do período do Carbónico. Da sua história, destaca-se o período a partir de 1933 com a chegada do belga Jean Tyssen que, com um elevado investimento, aumenta a produção das minas de uma forma impressionante, atingindo em 1957, as 350 000 toneladas de carvão extraído. Jean Tyssen também aplicou importantes políticas sociais, investindo na saúde, desporto, cultura, bem como na melhoria das condições de trabalho. Em 1994 as minas são oficialmente encerradas e, no mesmo ano, é inaugurada a estátua de homenagem ao mineiro, em Germunde."
Fonte:http://www.rota-ap.pt/…/dou…/ponto/d1-couto-mineiro-do-pejao

sábado, 13 de agosto de 2016

As pedras da Sirga, de Rio Mau - Penafiel


Chamamos "pedras da sirga" aos vincos gravados na rocha pelas cordas de puxar(sirgar/alar) os barcos rabelos na subida do Douro, quando não havia vento norte.


Estes testemunhos da dura vida da tripulação dos rabelos existem em vários locais, nalguns já foram destruídos, noutros até se encontram submersos pelas águas por causa do enchimento das barragens.
Porque fomos sensibilizados pelo amigo e colaborador Mário Oliveira, para a existência destes testemunhos em Rio Mau – Galheiros de Penela, fomos visitar local para cumprir o que previamente aprovamos: pedir à DGPC - Direcção Geral do Património Cultural a classificação destes verdadeiros monumentos.

Fomos reconhecer o local e reunir elementos  deste importante testemunho de uma história heróica  das gentes “rabeleiras” mas também da colaboração prestada nas margens, com a sirgagem dos barcos, pelas populações por si, mas também com os seus gados,  cujo registo  ficou  gravado nas fragas, como aí é visível, nas pedras de xisto denominados Galheiros de Penela.

Pelo realismo da descrição transcrevemos as notas de Mário Oliveira, da azáfama, a que assistiu vezes sem conta, das passagens dos Galheiros da Penela:
“Olha o Galheiro, ... segura a espadela,  finca bem o bicheiro, agarra na corda que hoje não há Norte  e rema para o pego !!! Boieiro, ... boieiro, ... boieiro !!!
(Termos rabeleiros que me ficaram no ouvido)
Douro abaixo, Douro arriba num frenesim constante de dura vida, era assim que os olhava enquanto a minha  "Pinta", de pedra em pedra pastava os mais suculentos e verdes manjares que as límpidas águas do rio faziam crescer.
... e eles lá vinham de vela içada, subindo a suave corrente entre as rochas e o areal ao sabor do vento norte.
... mas hoje não há Norte.  Que pouca sorte !
De rocha em rocha, em precipícios medonhos, o típico alador de Rabelos, de ceroulas a meio da perna, boné protector solar, tronco nu e de corda ao ombro lá  se esbatia para que o seu barco vencesse os "Galheiros da Penela".
... e quantas cordas passaram na evidência destas marcas !
Entretanto, os olhares do Zé de Sousa, do Balaído e dos outros lavradores atentos, já haviam visto os barcos na Penela e a corrida para o areio de H´ortos tornava-se barulhenta entre  berrarias e praguejos !
Boieiro, ... boieiro, ... boeiro, berrava desde o barco o arrais agarrado firmemente á espadela !
... e perfiladas no início do areio, - na Queda - às juntas de bois lá se iam atrelando os rabelos conforme a sua chegada.
... e que descanso para aqueles Homens que desde o areio de Melres,  Penela acima até à Arealva, haviam sulcado rochas e louvado a Deus terem chegado sãos e salvos.
Até ao topo dos cerca de três mil metros de areal de H´ortos, ao Carneiro, aqueles Homens estavam sossegados do corpo, ... mas pesarosos das novas dificuldades das correntes do Remesal e da Pedras de Linhares.
... e após toda esta aventura, de gigo ou cesto nas mãos, era de quem mais via ao longo do areal a tarefa da apanha da "Bosta dos bois" para a adubação dos campos e vedação da porta do forno !”

E porque era preciso conhecer o ambiente da aldeia como e onde morava essa gente esforçada e solidária, porque dessa matriz também se tempera o carácter dos homens, fomos percorrer os montes e vales, caminhos e quelhos daquela aldeia em anfiteatro para o Rio Mau, na fralda  da Serra da Boneca, em frente a Pedorido. 

Fomos afagar como nosso tacto as pedras e sinais, testemunhos de vivência e cultura de muitas gerações. Ficamos extasiados, com a beleza paisagística soberba com  as fortes marcas  da actividade geológica, e também da mão humana  visível em toda a bacia do Rio Mau, onde pontuam hortas e socalcos, lameiros, levadas e minas, todos bem antigas.
Experimentamos diversas sensações: a vertigem no Poço Negro visto lá do alto contrastante com a confortante acalmia e pacatez da vida no lugar, ao ritmo do lento deslizar do Rio Mau aos seus pés, no fim de tarde, que dá a respirar uma aragem  fresca que nos refresca, em todo o lado; 


admiramos a paisagem infinda, e vieram-nos à memória tempos livres da juventude quando deparamos com a praia e moinhos; e adivinha-se o aconchego familiar, para lá das paredes, portões e terraços, por onde passamos; resistimos ao frenezim, de partir à aventura e descoberta desse mundo de penhascos, poços e  minas  encantados e povoados de lendas e fantasmas ali, no poço dos Mouros, daquele pórtico prá nascente – que os mais velhos sempre  proibiam aos mais novos, até que soubessem nadar, crescessem e se tornassem  adultos.
O nosso guia, foi-nos guiando e legendando estas vistas, que amiúde nos surpreendiam e extasiavam, desfiando um rol de vivências e estórias passadas – ora fantasmagóricas, ora hilariantes, verídicas, tecidas pela ruralidade,  pela crença e pela garra das gentes destes sítios;



Depois,  não se esquece que Pedorido  vê-se lá do alto, da Estivada, emoldurado pelo Douro, qual quadro pintado, tendo como fundo terras de Arouca, a perder de vista e de uma beleza extrema, que é  inesquecível e dificilmente comparável. Sofre-se agora ao pensar nos prejuízos, angústias e devassa que terão provocado os recentes fogos naquela paisagem… Vamos ao trabalho, cuidar do que resta...










fotos e textos; Martinho Rocha / Mário Oliveira

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

A Capela de Vegide será uma Qubba (islâmica) ?

É interessante o estudo de Luís Lobato de Faria que vem confirmar a tese de Pinho Leal e atestar uma vez mais a antiguidade e história deste monumento e dos que lhe estão associados (Casa da Torre de Vegide e Pias dos Mouros).
Diz - se na base de dados da DGPC. Segundo a tradição, a Casa de Vegide terá pertencido a D. Trutezendo Guedes, senhor de Paiva e bisavô materno de Santo António de Lisboa. A quinta foi aumentada ao longo das centúrias, passando por descendência para a família Pinto de Vegide. 
A capela terá sido edificada no início século XVII, apresentando um modelo de gosto maneirista, muito utilizado na edificação de oratórios em quintas a partir de meados do século XVI, que neste caso possui um carácter rural, pouco erudito. 
É um tempietto de planta rectangular coberto por uma cúpula de tijolo, sem qualquer elemento decorativo exterior. O portal principal apresenta uma moldura rectangular com empena encimada por três pináculos. Sobre a fachada, no eixo do portal, foi colocada um nicho, que originalmente devia albergar a imagem do orago da capela, actualmente desconhecido.
No interior, um espaço único coberto por cúpula, destacam-se os azulejos seiscentistas e o que resta da estrutura do retábulo, de talha barroca setecentista.
Catarina Oliveira
GIF/IPPAR/ 9 de Maio de 2005”, 

Não se diz  no entanto o que pensava e escreveu na sua obra Pinho Leal. Este autor do sec. XIX refere que em  em Vegide, há uma ermida que foi templo romano e depois mesquita mourisca. Também as Pias dos Mouros - outro monumento classificado, (de que já temos falado) - para este autor, constitui evidente vestígio de um almocabar (cemitério) dos muçulmanos.

Tese recente vem reforçar este entendimento ao apresentar um levantamento de edificações - na maior parte a sul - que em tudo se assemelham ao nosso monumento "Capela da Quinta de Vegide"





Monumento Classificado
Classificado como IM - Interesse Municipal. A classificação como VC foi convertida para IM nos termos do n.º 2 do art.º 112 da Lei n.º 107/2001, publicada no DR, I Série-A, N.º 209, de 8-09-2001 
Decreto n.º 129/77, DR, I Série, n.º 226, de 29-09-1977  na aplicação/base de dados dos monumentos classificados da DGPC diz-se que















escreveu Martinho Rocha