domingo, 22 de janeiro de 2017

Pedorido: na senda do Mineiro e do penedo Lastrão!









Ontem, percorremos uma parte da freguesia de Pedorido. Pela margem esquerda do Arda calcorreamos caminhos, subimos montes e vales, visitamos locais e minas antigas. Passamos por Gaído, caminho da linha e Casa da Malta. Enorme foi a presença, de António Patrão com as suas explicações e tacto para  encontrar fósseis com milhões de anos. Igualmente enorme e incontornável a presença do Penedo Lastrão, imponente monumento da natureza geológica que sendo um ponto de referência na divisória dos concelhos da outra margem, merecia estar sinalizado e identificado à margem do caminho em direcção ao Picão.
Oportunidade de tertúlia e conhecimento duma realidade rural adormecida e ainda não acordada pela administração nem pelo turismo.
Para quem não teve oportunidade de participar, fica a recomendação de que vale a pena, numa próxima...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

150.000 visitas a adep-paiva.blogspot.com

                  Uma das nossas janelas preferidas. Quer dizer-nos o que vê?               
               Agradecemos as 
        150 000 visitas a
          adep-paiva.blogspot.com
           Obrigado!

(Este ano já com mais de 50 000 visitas!)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

"... fazemos a vós Rei Garcia (...) escritura de todas as nossas propriedades na terra de Paiva, a vila Gondim e a vila de Sobrado, no Douro, acima do Arda, em Paiva."


Vila Gondim e Vila Sobrado, “Honras” medievais já no século XI
Quintãs onde se instalaram Bulhões, ascendentes de Santo António, provenientes de França, através da Galiza, convidados pelo Conde D. Henrique, pai de D. Afonso Henriques, 1.º rei de Portugal

Nos nominibus Garsea Monniniz et conjuge mea lelvira…facimus a vobis Garsea rex textus scripture et kartula benefactis de omnes nostras hereditates quicquid sumus habere de aviorum parentorum atque…It sunt…in terra de Pavia villa Gondin et villa Soperato…in Durio et de Alarda in Pavia”.
(“Diplomata et Chartae”, documento 451 de 1066)
“Nós de nome Garcia Moniz e minha esposa Elvira fazemos a vós Rei Garcia (filho de Fernando Magno rei de Leão que conquistou lamego, Viseu e Coimbra aos Mouros)[1] escritura e carta de benefícios de todas as nossas propriedades que temos de avós e de parentes, as quais jazem na terra de Paiva, a vila Gondim e a vila de Sobrado, no Douro, acima do Arda, em Paiva.
Quatro anos depois, o Rei Garcia, da Galiza, doa estas mesmas propriedades, (e outras mais, onde inclui as da freguesia de Real, também na terra de Paiva) a D. Afonso Ramires (Adefonso Ramiriz), como recompensa por serviços prestados:
Ego Garsia gratia Dei rex filii Fredenandi imperatoris et Sanctia Regina tibi fidele meo Adefonso Ramiriz...placuit mihi ut facerem a tibi Adefonso Ramiriz textum scripture et kartula firmitatis…de illa parte Dorio villa Gundin, villa Soperato, villa Gelmiriz[2]...villa Rial…
(“Diplomata et Chartae”, documento 491 de 1070.
Segundo a dinastia de Asturias – Leon, sabe-se que, anteriormente a estas datas, o reino medieval de Leão teve a sua origem na transferência da capital do reino das Astúrias de Oviedo para a cidade de Leão, nos tempos de Afonso III das Astúrias. Mais tarde Afonso III dividiu o seu reino pelos três filhos: Fruela II governou nas Astúrias, Ordonho II na Galiza, e Garcia I em Leão, em 910.
Entidade hegemónica, por alguns períodos de tempo o reino de Leão dividiu-se noutros vários reinos (Castela, Galiza, Portugal), para depois se voltar a unificar (excepto Portugal), que não mais voltou à sua jurisdição.
Com Afonso III de Leão, em 868, as terras abaixo do rio Minho ter-se-ão designado por “Portucale”, designação que terá permanecido até 1096, quando passou a designar-se por Condado Portucalense.
Os reis de Leão, desde Afonso III, em 866, foram-se sucedendo no tempo e em 1037 Fernando I de Castela passa a governar, também, com D. Sancha I, com quem casara, o reino de Leão. Após a morte deste D. Fernando, o reino foi repartido pelos seus três filhos: a Galiza para Garcia; Castela para Sancho (II) e Leão para Afonso (VI).
Garcia terá governado a Galiza por pouco tempo: entre 1065 – 1071/72, porque envolvido em guerras, delas saiu a perder e teria sido encarcerado até ao fim da vida. Seu irmão, Afonso VI de Leão, assumiu, então, o reinado da Galiza a partir de 1071, bem como o de Castela, em 1072, tornando-se Imperador de Castela e Leão a partir de 1073, até 1109.
Foi a este Rei Garcia, da Galiza, a quem foram entregues as “villas” da terra de Paiva.
Com a queda do Rei Garcia, da Galiza, o irmão Afonso VI, que governou entre 1065 e 1109, as terras entregues ao Rei Garcia, voltaram à posse de familiares dos anteriores proprietários, mas terão sido compartilhadas com outros cavaleiros-fidalgos oriundos da Galiza, mas originários da Borgonha e da Lorena, de famílias nobres francesas aí reinantes, cavaleiros que vieram de França em auxílio dos reinos de Leão e da Galiza, a pedido destes e com as quais passaram a estabelecer laços de amizade (Leão e Borgonha) acabando por se consolidar tais laços através de casamentos entre as famílias dos dois reinos.
Assim, D. Urraca I, de Leão, Casara com Raimundo da Borgonha[3], em primeiras núpcias[4]. Filha única do enlace entre D. Afonso VI de Leão e de Constança da Borgonha, sua terceira esposa. Urraca sucede a seu pai Afonso VI, tendo reinado, entre 1109 e 1126. O seu casamento com Raimundo fortalece o relacionamento entre as famílias reinantes de Leão e Galiza com a família da Borgonha e traz como consequência a deslocação de muitas pessoas entre esses condados, sendo de maior afluência a que se verificara entre a Borgonha e a Galiza, mas também entre a Lorena e a Galiza, uma vez que Raimundo da Borgonha, filho de Guilherme I, conde da Borgonha e de Estefânia Borgonha, e sendo esta filha de Adalberto da Lorena e de Clemência de Foix, certamente Adalberto da Lorena não deixaria de ter influência nessa migração de nobres cavaleiros.
E este casamento, bem como o de outra sua filha, terão resultado de favores de Afonso VI para com o reinado da Borgonha, a quem pedira auxílio para combater os seus opositores ou inimigos, já que D. Afonso VI, terá pedido auxílio, em 1087, aos cristãos do outro lado dos Pirinéus, chamada a que corresponderam muitos nobres da Borgonha, entre eles D. Raimundo e D. Henrique.
Afonso VI de Leão casara, então, a sua outra filha, Teresa de Leão, meia-irmã de D. Urraca (que não era filha de Constança, mas de outra mulher) com Henrique de Borgonha, que viria a ser o Conde D. Henrique de Portucale e depois do Condado Portucalense, cunhado de Raimundo da Borgonha e irmão de Hugo I e de Odo I, duques, filhos de Roberto I da Borgonha.
D. Henrique parece ter sido seduzido pelo movimento das cruzadas do se tempo, chegando mesmo a incorporar-se numa delas.
Neste movimento das cruzadas e na migração de cavaleiros entre a Borgonha e a Galiza, estaria envolvido, com grande eficácia, D. Hugo abade de Cluny, tio-avô de D.Henrique, sendo que este, D. Henrique, foi o líder de um grupo de cavaleiros, monges, clérigos e políticos, de origem francesa que exerceram uma grande influência na península Ibérica, em especial nas Astúrias-Leon e por extensão Portucale, onde impulsionaram muitas reformas e os costumes cluniacenses e rito romano.
É lícito aceitar que nesse grupo estariam incluídos alguns descendentes dos “Bouillon” franceses, provindos da Lorena, em que uns se fixaram em Oviedo, nas Astúrias, onde ainda hoje se encontram os “Bullón” de Oviedo, e outros na terra de Paiva, e também por Viseu, terras que, ao tempo, estariam sob a jurisdição dos senhores da Galiza, fixando-se nas Quintâs de Gondin e Sobrado, onde surgiram os “Bulhões”, que se encontram descritos na árvore Genealógica de Santa Cruz das Serradas, ascendentes de Santo António, no Cartório da Casa da Boavista, em Castelo de Paiva.
Assim se compreende a ligação do ou dos Bulhões de Santa Cruz das Serradas, de Gondim, em terra de Paiva, com os “Bouillon” de França, da Borgonha e da Lorena, via Adalberto da Lorena, descendentes de Godofredo de Bouillon da Baixa Lorena e também com os “Bullón” que ficaram por Oviedo.
Segundo o Cartório da Casa da Boavista e pela Árvore genealógica dos Bulhões de Santa Cruz das Serradas, esse “Bulhões” teriam ocupado uma parte da Quintã de Gondim, (Santa Cruz das Serradas, com entrada pelo Portal que ostenta no Brasão o escudete dos Bulhões), onde já viveria D. Pedro Trocozendo de Paiva que, segundo nota inscrita na árvore genealógica, foi contemporâneo do rei Afonso VI de Leão, pelo que entre eles, certamente, teria havido troca de mensagens, face aos factos antecedentes com as cedências e transferências de propriedades, ao tempo do rei Garcia da Galiza.
Por outro lado, sabe-se, também, que Raimundo da Borgonha, cunhado de D. Henrique, casado com D. Urraca, esteve ligado externamente ao condado de Portucale, entre 1093 e 1096, tendo-lhe sucedido Nuno Mendes e, posteriormente D. Henrique, que o veio a transformar, oficialmente, no condado Portucalense, continuado por sua mulher a condessa Teresa de Leão, enquanto seu filho Afonso Henriques foi menor. Em lutas travadas com a mãe, Leonesa de sangue, tendo ela perdido a batalha, viu-se obrigada a aceitar, em 1139, que seu filho, D. Afonso Henriques proclamasse definitivamente a independência e começasse a governar como 1.º rei de Portugal.

Numa pedra de granito de um portal de “habitação medieval”, actualmente (2016) apenas com paredes, na propriedade de Santa Cruz das Serradas, em Gondim, aparece gravada a data 1146, data esta que surge já D. Afonso Henriques levava sete anos de reinado. Pode dizer-se, com alguma certeza, que as Quintãs de Gondim e de Sobrado também estiveram envolvidas, de alguma forma, na origem da formação do Condado Portucalense e por conseguinte na fundação de Portugal, uma vez que D. Urraca Mendes de Bragança, bisavó de Santo António, foi cunhada de Sancha Henriques, irmã de D. Afonso Henriques.
E é assim que dos “Bouillon” chegados a Santa Cruz das Serradas, surge naquela árvore genealógica, o nome de Vicente Martins de Bulhões pai de Martim de Bulhões e avô de Fernando de Bulhões (Santo António) e de seus irmãos.
Martim de Bulhões casou com D. Teresa Taveira, que ao tempo estaria na Quintã de Vegide, (Casa Torre de Vegide) pertencente aos mesmos proprietários das Quintãs de Gondim e de Sobrado (Casa da Boavista).
A árvore genealógica de Santa Cruz das Serradas, existente na Casa da Boavista, Sobrado, Castelo de Paiva, leva-nos, Teresa Taveira, (mãe de Santo António) pela via dos seus ascendentes, até ao fundador do Mosteiro de Paço de Sousa, em 960, em Penafiel: D. Trocozendo Guedes, penta-avô de Santo António.



Capela de S. Luís (IX) Rei de França – Quintã ou Solar de Gondim – foto dos anos 30 do Séc. XX



ADEP, Castelo de Paiva, 16 de Dezembro de 2016
Mário Gonçalves Pereira




[1] - Rei Garcia era filho de Fernando I de Leão e de Castela e D. Sancha I de Leão e tinha mais dois irmãos: Sancho II de Castela e Afonso VI de Leão.
[2] -Gelmiriz ou Gelmir, (nome apenas comparável com o nome espanhol Gelmirez) teria que situar-se muito próxima de “Soperato” e de “Rial” e seria uma villa importante, naquela época. O nome que lhe atribuíram não nos conduz a nenhuma localidade das actualmente existentes, mas pode deduzir-se que seria uma villa administrada, apostólicamente pela diocese de Santiago de Compostela, que recebera doações de muitas terras de Portucale e que teve à sua frente, como gestor, por duas vezes, D. Diego(Diogo) Gelmirez, amigo ou familiar de Afonso VI, com influências do abade de Cluny. Essa villa Gelmiriz estaria certamente no caminho de Santiago, pelo que em terra de Paiva só poderia ser Nojões, uma vez que o Caminho entre Coimbra e Santiago passava por Avô, S. Miguel do Outeiro, Nojões, Sobrado de Paiva, Vila Boa de Quires e Braga (Braga que chegou a ter, em tempos medievais, tanta ou mais importância que Compostela).
[3] - D. Raimundo nascido em Besançon, 1070, neste casamento recebeu em apanágio, como feudo, segundo as práticas peninsulares, o condado da Galiza.
[4] - Depois de enviuvar voltou a casar, agora, com D. Afonso I de Aragão.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Ponte romana submersa no Paiva?


Já foi noticia há um ano atrás e o assunto é de extrema actualidade se tivermos em conta a necessidade de se fazer luz sobre a  rede viária romana da  região.
Há uma expectativa e curiosidade imensas em reconhecer os locais de ligação de Viseu a Braga, e da atractividade que teria na época a travessia do Douro na foz do Paiva (Castelo de Paiva), junto ao Outeiro (actual Ilha dos Amores) passando por Tongóbriga no Marco de Canaveses.
Também o caminho de Santiago na Idade Média aproveitaria a antiga via romana e falta portanto confirmar esses locais de passagem nesta região.
Edrisi, geógrafo e cartógrafo árabe e muitos outros autores e investigadores, alguns dos nossos dias, continuam a não se entender sobre esses traçados e sobre a localização de Talabriga.
Reconheça-se que o nosso território continua a ser chão que guarda interessantes mistérios e que de quando em vez surgem revelações e estudos que nos surpreendem.


                                                            meandros do Paiva

As bravas e profundas águas do Rio Paiva, que nasce na freguesia de Peravelha, concelho de Moimenta da Beira, podem esconder um importante tesouro arqueológico, que vários pesquisadores têm vindo a investigar. 

A revista “Humanitas” editada pelo Instituto de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, publicou no seu volume LXVI (2014) um artigo de Nair de Nazaré Castro Soares, onde é abordada a questão da existência de uma ponte romana submersa no Rio Paiva, que serviria de travessia no percurso entre Lamego e as cidades do litoral, na região de Alvarenga/Arouca.
 
A descoberta não foi no espaço geográfico do município de Moimenta da Beira, mas é importante porque se trata de um curso de água com a nascente primeira no concelho.
 

O artigo faz referência à descoberta de grandes blocos de granito, submersos a sete metros de profundidade, em Janarde (Arouca), ligados por vestígios de metal encastrado, que se supõe serem as fundações de uma ponte que ligava os lugares de Louredo e Janarde. A descoberta foi feita ocasionalmente pelo Hélio Mário de Castro Pereira através da realização de prática desportiva de “mergulho de apneia”.
 

O facto da existência de referências históricas a vias romanas que cruzavam a região, e a inexistência de granito naquela zona, fazem com que alguns investigadores não tenham dúvidas que os vestígios encontrados são as ruínas da antiga ponte romana sobre o Rio Paiva, facto que terá que ser avaliado e confirmado pela realização de estudos de pormenor.

O Paiva, que desagua Douro, em Castelo de Paiva, foi considerado, ainda não há muitos anos, o rio menos poluído da Europa, e ainda hoje é local de desova de trutas. Está classificado como Sítio de Importância Comunitária na Rede Natura 2000.
 

Fonte: Soares, Nair de Nazaré Castro, “Achado arqueológico: ponte submersa no rio Paiva em Alvarenga”. Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014.
transcrevemos texto e foto do concelho de Moimenta da Beira aos 13 janeiro 2015














escreveu Martinho Rocha

sábado, 7 de janeiro de 2017

Mário Soares faleceu!








Também nós não podemos deixar de assinalar este momento triste. Mário Soares faleceu.
Como politico e como pessoa terá cometido alguns erros mas isso não ofusca a imagem que nos deixa de um verdadeiro Homem de Estado.
Tendo ocupado os mais altos cargos e travado as mais difíceis disputas em defesa dos seus ideais, fê-lo como político do povo e o povo não o esquecerá tão cedo!
Nós que o contávamos entre os nossos sócios honorários, ficamos também mais pobres e indefesos; tivemos o enorme orgulho de ver a nossa causa de defesa do património ao serviço da sua iniciativa – enquanto Presidente da República - de apresentar ao povo, com o nosso barco rabelo "Douro Paiva"  a navegabilidade do Douro em 1988.
Ontem foi dia de Reis. Mário Soares faleceu hoje, era Republicano.

O nosso pesar à  família e aos amigos.











escreveu Martinho Rocha