sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Pagar à Segurança Social com batatas: porque não? TEMA ACTUAL (veja-se iniciativa no Parlamento amanhã apresentada pelos Verdes!)

Noutros tempos muitos dos encargos e impostos pagavam-se com géneros – eram os foros. Também as feiras que  hoje conhecemos terão nascido desse conceito  – das trocas.
O que dizer então  do pagamento  dos descontos para a segurança social com géneros, como reclama – e bem -  esta onda rural a que temos assistido? Do lado de quem paga – ou queira pagar-, esta seria (até talvez),  a única forma de tornar o “imposto” numa relação fiscal, simpática e proveitosa. Já do lado da administração, todos sabemos que o sector da segurança social é hoje, talvez, aquele que no Estado mais necessita desses bens, mas que acomodadamente os obtêm num circuito indiferente à realidade social e rural.
Quando das famosas mega promoções, pelas grandes redes de distribuição viu-se, foi público – e notório -, que esses circuitos de abastecimento e distribuição apenas  enriquecem as grandes redes de distribuição e importação, com margens de comercialização de mais de cinquenta por cento.
Hoje, em quase todas as freguesias,  existem instituições – ainda que privadas- com forte tutoria da segurança social, que confecionam diariamente centenas de refeições. O que se constata


é que a população que, direta – ou indiretamente –, suporta este circuito, não beneficia dele; apesar de, como sabemos, o mundo rural e a paisagem viverem do trabalho e do sustento que os reformados, pequenos rurais e desempregados,” cavam” no dia a dia, com o seu suor…
Recordamos que 2014 foi declarado pela FAO como o ano internacional da agricultura familiar! 






escreveu Martinho Rocha

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Monumentos: A nossa folha de serviço !

Ontem,  que é como quem diz – nos inícios dos anos oitenta -, pedimos a classificação do Edifício da Cadeia. A classificação foi obtida em 1993;  em 1994 iniciamos o processo do pedido de classificação da Casa e Quinta da Boavista. Em 1998 ficamos a saber que os processos de pedido de classificação (que então havíamos dirigido à Secretaria de Estado da Cultura), a saber: do portal da Serrada (do pai de Santo António)  e do portão do Adro de Real, foram reformulados e integrados em novos processos designados respetivamente de, “98/3-13(2) - Eventual classificação do núcleo rural de Gondim na freguesia de Sobrado” e de “98/313(8) - Reclassificação da Igreja de Santa Marinha, paroquial de Real (valor concelhio já classificado pelo Decreto 129/77 de 29/9, passando a integrar o Portal do Adro e construções adjacentes”. Desde essa data até hoje nada mais sabemos do que tenha acontecido aos nossos pedidos…já quanto ao estado de conservação e até de integridade dos monumentos, infelizmente, todos sabemos…
E salvo a boa noticia da classificação da Casa e Quinta da Boavista que aconteceu em 2013 (passados portanto 24 anos do inicio do processo) igualmente não vimos empenho de quem de direito em alterar a classificação das Pias dos Mouros, como defendemos.  Desde 1998 nada sabemos do que aconteceu aos processos que igualmente iniciamos (98/3-13(9) - Reclassificação da Capela da Quinta de Vegide, passando a incluir casa e Quinta (da mãe de Santo António) e 98/3-13(10) – Eventual classificação do conjunto de edifícios da extinta Fábrica da Manteiga, a Frutuária . Por outro lado não foram tomadas medidas de proteção desses valores, estando alguns a ser saqueados, como temos denunciado. Desejamos conseguir protocolar, com as autarquias, medidas de limpeza e proteção de valores monumentais como é o caso, por exemplo da Mamoa de Carvalho Mau. Mas há outras situações.

É assim que vimos assistindo a esta conversa de surdos em que por um lado se percebe o desinteresse que os organismos públicos manifestam pela assistência e colaboração voluntária de instituições privadas, como a nossa, e por outro se assiste a este permanente atentado ao património – por omissão-, nada fazendo para o proteger e divulgar, como constatamos.

Não desistimos, no entanto, das nossas atribuições que são reguladas pelos nossos estatutos, pela Lei, máxime pela Constituição da República Portuguesa e por isso aceitamos o pedido, que nos foi formulado pelo Movimento de Defesa da Ponte Centenária de Pedorido, de encaminhar a quem de direito um pedido de classificação da Ponte rodo-ferroviária de Pedorido.

Em breve contamos cumprir mais esta missão, desejando sinceramente que o assunto não morra nas gavetas dos gabinetes como parece ter acontecido com os casos que enumeramos.
Martinho Rocha

PONTE DE PEDORIDO: VAMOS CLASSIFICÁ-LA COMO MONUMENTO ?


DESDE JÁ  DAMOS NOTA DOS OBJECTIVOS E DAS RAZÕES QUE ENUNCIAMOS PARA ESTE  PEDIDO DE CLASSIFICAÇÃO (PONTE RODO-FERROVIÁRIA DE PEDORIDO, CASTELO DE PAIVA)

Objetivos (para o pedido de classificação)

O presente processo que enquadra o pedido de classificação em Monumento de Interesse Público, consubstancia-se nos objetivos que a seguir se apresentam:
. Garantir que qualquer intervenção futura no imóvel não ponha em causa a sua existência, bem como as suas caraterísticas originais;
. Possibilitar a manutenção de condições de utilização do imóvel de que se requere classificação;
. Permitir garantir viabilidade de enquadramento do imóvel em futura estrutura museológica do couto mineiro do Pejão;
. Dignificar o imóvel face ao papel que teve na economia local e regional;
. Possibilitar a salvaguarda do imóvel enquanto património classificado;
. Salvaguardar o passado e o presente para memória futura;
. Salvaguardar o património mineiro da região e do País;
. Salvaguardar o património paisagístico;
. Divulgar o património da região;
. Manter viva a memória dos tempos idos de utilização de referida ponte na sua vertente rodoviária e na sua vertente ferroviária.

Razões

A recuperação, valorização e dignificação deste imóvel que as gentes desta região consideram   como um “monumento” à sua história, são necessárias, são urgentes, e fazem sentido.
A recuperação e preservação futura desta ponte são atitudes a que o poder público não se poderá furtar sob pena de trair a confiança da população e o seu sentimento de pertença a uma história e a uma região.
O serviço público a que estão obrigados os órgãos públicos e as representações do Estado passa também por legar aos vindouros as suas joias, testemunhos e memórias de gente laboriosa, empreendedora e solidária que entretanto viveu noutros tempos.


sábado, 18 de janeiro de 2014

Castelo de Paiva e o Palácio de Cristal

Nós - Castelo de Paiva- também aí estivemos em 1904. O edifício foi construído para a primeira exposição internacional. Antes de ter atingido a idade de um século foi demolido !
A manteiga da Frutuária recebe aí uma medalha de Ouro; mas já em 1879, Martinho Pinto de Miranda Montenegro, o Conde de Castelo de Paiva aí recebe uma medalha de prata por "um conjunto de maças de sobre-mesa". E antes disso, noutros locais, (também pela mesma mão) os nossos vinhos verdes, azeite, cereais e horticolas, receberam honrosas distinções, o que também não é novidade dado o intenso comércio que sempre estabelecemos - via barco rabelo - com o mercado da Ribeira no Porto. 
Quando defendemos que os nossos locais de memória (Boavista, Frutuária, Serrada e Gondim, Minas do Pejão, temática do Douro e rabelo, etc), se estudados, preservados e divulgados, podem ser alavancas para o nosso desenvolvimento, não inventamos nada...É que estes valores efetivamente existem...nem sempre conhecidos e bem tratados... (texto e foto de Martinho Rocha)

sábado, 4 de janeiro de 2014

Picotas, em S. Martinho e outras vilas da Idade Média !

Temos hoje ainda dispersas pelas nossas freguesias imensas ruínas e restos de antigas e nobres construções, que não fosse a toponímia passariam totalmente despercebidas. Noutros casos a falta de conhecimento e a voragem construtiva das últimas décadas encarregou-se de reconstruir, arrasar e apagar muitos desses sinais, alguns bem importantes pelo que representam de vivência passada, que remontam aos primórdios da nacionalidade ou até muito anterior.
Um casal em Picotas aparece referenciado nos Documentos Medievais como objeto de doação ao Mosteiro de Alpendurada já no ano de 1103. Também a “Villa de Picotas”, à semelhança do que aconteceu com as “Villa de Fundões e de Felgueiras” e outras, foram terras doadas por D. Sancho I à Condessa  D. Toda Pelazim. Sobre estes locais, sua dimensão e vida das pessoas, na sua atividade produtiva, nos falam as Inquirições mandadas fazer pelo Rei D. Afonso III, no ano de 1258, portanto no séc XIII. Estas vilas, quando doadas pelo rei, passam a propriedades senhoriais  e estão por isso isentas do pagamento de qualquer foro ao rei. Este regime de isenção de foro era uma prerrogativa das chamadas vilas honradas, como acontecia com outras na mesma freguesia: “Villa Verde”, por exemplo, ou na freguesia de Sobrado, a ”Villa de Sobrado” e “Villa de Vegide”. Nalguns casos os senhores da terra tinham jurisdição cível e criminal (como na Honra de Sobrado), ou apenas a cível, noutros casos  estavam, as mesmas jurisdições,  subordinadas ao Rei.
Encerram em si estes locais um passado imenso que constitui uma mais valia do ponto de visto histórico e arqueológico, que a qualquer momento pode proporcionar revelações e testemunhos que contribuirão, de certeza, para melhor compreender e  valorizar a nossa história.
E a prova do que dizemos é que falta encontrar uma explicação sobre qual seria a utilidade de três colunatas oitavadas, ( 0,80 cm de altura por 0,20 cm X
0,20 cm de largura na parte quadrada), em granito local e ainda de uma pedra com gravação rebaixada de um par de folhas, paralelas, semelhante às da cruz patea existente na padieira (da tampa ou cabeceira de sepultura), de uma das portas da antiga Igreja de S. Martinho, que se encontraram recentemente.
Sabendo nós que estes e outros locais eram habitados em épocas ainda mais remotas, existindo pelo concelho muitos testemunhos arqueológicos da época romana, vamos procurar saber do que se trata afinal.

Destas vilas honradas, com existência mais efêmera ou duradoura,  recordamos que as honras de Sobrado e da Raiva, por exemplo, ainda existiam, como tal, no reinado de D. Manuel, quando da outorga do Foral à terra de Paiva.