sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Autores da região, na Feira do século XIX. Livros e memórias, do Douro e da Paiva!


Maria José Gabriel, Hernâni e Fátima Gabriel



Fátima e mestre Domingos "último marinheiro"


Livros deixados à ADEP para a sua Biblioteca



Pela Feira passaram este ano alguns autores com os seus livros, como foi o caso de Hernâni Mendes e Manuel Bessa, contadores de estórias e declamadores, cantadores, poetas, frades, artistas, marinheiros e fotógrafos.
A Feira foi o palco mas também em alguns casos foi o acontecimento que proporcionou o registo ou o momento da inspiração!

Hernâni Mendes deixou-nos este


RETRATO ESCRITO 
da Feira século na ADEP 2018, que não resistimos publicar,

A  convite do seu presidente
E do João da Gráfica,
Fui almoçar lá na feira.
Não vi milho na eira,
Mas em gigos,
Já desfolhado
Vi as tascas e tasquinhas, as uvas já apanhadas
E as escadas.


Observei
Os cestos das vindimas
E comprei
O artesanato.
Réplicas das dobadouras,
Do pião da minha infância.
Do ancinho
Que docemente no monte
Ou no caminho
A caruma para as castanhas assar
Nas tascas eram; pataniscas
E iscas
Para o passado recordar
Com o paladar.

Vi o mineiro trabalhador
Grande impulsionador da economia da região.
Isto me fez recordar
O meu grande amigo,
O meu pai Arlindo
Tocam as doze badaladas,
É a hora de almoçar.

Sentados à mesa da taberna,
Onde a esta hora, já funcionam os fornos a lenha.
Junto à entrada da ADEP
Onde antigamente,
Era a entrada do cinema
E se faziam os bailaricos da mocidade.


À mesa se sentam, os comensais
E outros que tais.
São escritores,
E do cinema atores,
Professores,
Editores.
E muitos mais,
A gente simples,
Que como eu
Partilham estes momentos,
Estes sentimentos.

Olhando, à volta
O tempo, pára no tempo das recordações,
Cheira a castanha assada
E à doce rabanada.

Servem o almoço
E como do costume
A inolvidável feijoada.
Outros deliciam-se com,
O bacalhau frito,
Bem servido,
como antigamente.
Contam-se estórias passadas
Que relembram,
Os entes idos.
Mas mais importante;
Assim se escreve a história
Dos que aqui estão
E são:
- O mestre Domingos
Último arrais do Douro,
Nonagenário sempre brincalhão,
Que outrora por uma pipa a mais,
No Porto foi parar à prisão.
Ensaia lá no canto da mesa,
O sobejamente conhecido
Ator Carlos Sebastião.

Declama a profª Fátima Gabriel:
-os barqueiros do Douro
E as cosedoras das sacas de carvão.

Como é bom ver,
Num rosto que o tempo usou
Um sorriso brejeiro e de gratidão,
Do mestre Domingos,
Pois então.!

Junta-se uma nova personagem,
Que eu desconhecia:
-A tia, dona MARIA,
Da poetisa tia
Fátima Gabriel
Oh! Que alegria,
Ouvir cantar o Douro
E os seus rabelos,
Num misto de sentimento e paixão.

Momento lindo
E não é que ela se recorda do meu pai
Arlindo!

Para acabar, vamos voltar
Ao Dr. Martinho, ao João da Gráfica,
Aos seus colaboradores.
Gostei
Destes momentos
E para o ano com certeza estarei,
De novo
Sempre atento e observador

Para ver estampado no rosto
A alegria do meu irmão.

Hernâni Mendes 15/10/2018

domingo, 21 de outubro de 2018

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS DE ADRIANO MIRANDA









EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS DE ADRIANO MIRANDA

Carvão de Aço Memória dos Mineiros da Mina do Pejão

sexta, 12/10, 12:51 (há 9 dias)

Recebemos  e agradecemos de Alexandre Leite em nome do Departamento de Engenharia de Minas da FEUP

cid:image002.gif@01CDFAEC.9B045270



este simpático registo que hoje divulgamos, no dia em que em Oliveira do Arda, há festa dos mineiros!
Fica aqui para aqueles que não tiveram possibilidade de visitar a Exposição de Fotografias, da autoria do Fotojornalista Adriano Miranda, que esteve recentemente patente ao público na FEUP,  a ligação da internet com um pequeno vídeo sobre a mesma.




terça-feira, 16 de outubro de 2018

a ADEP agradece

 a todos os que tornaram possível mais uma feira do século (21.ª edição) no Parque das Tílias.


animais da Quinta

Rancho de S. Martinho

Vinho verde /Quinta da Cerca


O Tonito do Terreiro e seus bois

O Grupo do Linho

O Vinho do Guilherme




Ferreiro da Cepa



Um frade no século XIX

Rancho de S. Martinho II

Os mineiros do Pejão


Preparativos para o almoço


Diploma de participação


Um brinde com verde novo


A vida ribeirinha

As concertinas (Museu de Cucujães)

sábado, 13 de outubro de 2018

Domingo na Feira do Século, no Parque das Tílias

A próxima feira contará com teatro de rua


Carlos Sebastião

marinheiros

Domingos Vieira

Mestras do linho

Grupo do Linho de Real da ADEP

concertinas e cantadores


G. Concertinas Museu Cucujães

Mineiros


G. Mineiros do Pejão ADEP/ARCAF

Mestres das nossas artes de construção


Sr. António Magalhães "Ferreiro da Cepa"

Animais

Tonito do Terreiro e bois Arouqueses





ovelhas/porcos/cavalos

Pão 



e Vinho não faltarão!

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

As comemorações da República em Paiva, faziam-se com estrondo!






O que diz a Gazeta de Paiva em 1919:

 “O frontespicio dos Paços do concelho está galhardamente embandeirado àquela hora e tem um aspecto admirável. O Largo 13 de Fevereiro, ainda no dia 4 tem hasteadas as bandeiras das nações aliadas e no meio um coreto para a música. Dia cinco de manhã salvas de tiros de fogo de dinamite, foguetes, a música, e a Portuguesa percorrendo as ruas da vila. Os edifícios dos republicados estão embandeirados. Sessão solene. Toma a palavra o sr. José Duarte da Cunha, a seguir Aureliano Ribeiro que faz um cerrado ataque ao dezembrismo e ao movimento monárquico do norte. Depois ainda fala o Mestre Professor de Real, sr Manuel Moreira da Fonseca que exulta o povo a ser republicado e a amar a República. Todos os oradores foram muito aplaudidos. Erguem-se Vivas à República, ao Dr. Afonso Costa, ao Dr. António José de Almeida. À noite organiza-se uma marcha com centenas de pessoas a percorrer as ruas da vila e a aclamar a República. Girândolas de foguetes estralejam constantemente. Por volta da uma hora da madrugada, terminam os festejos, não, sem antes se queimar seis dúzias de foguetes de dinamite que ribombavam como trovões!"


Transcrevemos livremente os textos cujas imagens juntamos e que fazem parte do nosso espólio bibliográfico da nossa biblioteca Manuel Afonso da Silva


















Martinho Rocha



Tentativa para mudar a viagem dos barcos rabelos, entre a praia do Castelo (Fornos, Castelo de Paiva) e o Porto, de domingo para segunda feira.



O Pároco da freguesia de Fornos, Padre José S. Correia de Noronha, no ano de 1933, apesar do seu esforço, (e do seu estatuto - já que era vereador da Câmara e membro da União Nacional) não conseguiu mudar as viagens dos barcos rabelos de domingo para segunda-feira, proporcionando assim o descanso semanal ao domingo aos 38 arrais e negociantes e aos 120 homens que trabalhavam sob as suas ordens.

Em 1942, o Cais do Castelo aparece referenciado como o de maior movimento em todo o rio Douro, constituindo um autêntico entreposto com a capital do norte. No ano de 1947, segundo a obra da Dr.ª Margarida Rosa Moreira de Pinho – “Elementos para a História de Castelo de Paiva” ainda o Castelo tinha barcos de carreira para o Porto aos domingos!...
Damos ao conhecimento dos leitores um texto do Arquivo Paroquial da freguesia de Fornos. Aproveitamos para agradecer ao Rev.  Padre Carlos Luís S. Correia o facto de nos ter possibilitado a reconstituição deste mesmo texto no nosso arquivo documental.

“Há na praia do Castelo o costume imemorial de partirem ao domingo para o Porto os barcos do tráfego semanal.
Só nós párocos sabemos o quanto de transtorno e prejuízo isto não custa à vida religiosa da freguesia e por tal motivo, já em tempos o Rev. Sr. Padre Francisco dos Santos Cunha (*) tentou mudar essa viagem para as segundas-feiras, não o conseguindo.
Tentei eu também essa mudança em 1933. Para isso, convidei para uma reunião em minha casa todos os arrais e negociantes do Castelo, comparecendo os senhores, José Pinheiro Branco, Joaquim Pinheiro Branco, António Gomes da Silva Serra, Francisco de Oliveira Vagaroso, Joaquim Teixeira de Melo, Manuel Teixeira Inverneiro Júnior, Manuel Pereira Mil-Homens; António Pinto, Luiz Pinto, Bernardo de Almeida, António de Oliveira Ribas, Jacinto de Sousa, Francisco Teixeira Moranguinho, João Pereira, Manuel Marques, Manuel de Sousa Pitada, José Gabriel de Oliveira, Manuel Teixeira Inverneiro (Anté), Serafim Alves. Heitor Pereira Mil- Homens e Joaquim de Almeida (Mano), representado pelo filho. Todos estes arrais e negociantes concordavam na mudança, com a condição de todos concordarem, tanto desta praia, como das de Bitetos, Fontelas, Vimieiro, Fontaínhas da Raiva e Pé de Moura da Lomba, pois ficando alguns sem se comprometerem, estariam no mercado da Ribeira logo na segunda de manhã fazendo seu negócio antes dos outros chegarem, o que representa a sua ruína.
Havendo alguns que se recusaram a aderir (da praia do Castelo, não compareceram Francisco Teixeira Arranjinho e Joaquim Nunes (Russo), procurei conseguir no Governo Civil do Porto que fosse proibida que a praça da Ribeira fosse aberta às segundas-feiras, antes das 12 horas, mas responderam-me que era isso atribuição da Câmara Municipal do Porto, por isso lhes dirigi o seguinte ofício: Ex. mos Senhores, Presidente e Câmara Municipal do Porto: Eu, José Soares Correia de Noronha, pároco de Fornos, Castelo de Paiva, auxiliado pelos meus colegas da Raiva, Souselo, Várzea do Douro e Lomba, respectivamente dos concelhos de Castelo de Paiva, de Cinfães, do Marco e de Gondomar, convidei a viajarem às segundas-feiras todos os arrais do rio Douro e negociantes que fazem viagens todos os domingos para o Porto, para fazerem a praça da Ribeira às segundas-feiras, tendo em vista o meu convite que 120 homens que trabalham sob as ordens daqueles arrais tivessem o seu descanso semanal ao Domingo como desejam. Trinta e cinco arrais e negociantes que concorrem à praça da Ribeira nas segundas-feiras, cujas assinaturas junto a este pedido, prontificando-se com satisfação  a mudar as suas viagens para as segundas-feiras; mas para não serem prejudicados por gananciosos, pede-se para a praça desses dias na Ribeira, não começar antes das 12 horas.
Nas cinco praias que concorrem à praça da Ribeira, só três arrais deixaram de a assinar, sem alegar o menor motivo. Será por ganância ? Será por hostilidade ao suplicante, que é vereador da Câmara e membro da União Nacional Concelhia de Paiva? Hostilidade política, portanto?
Não o disseram, nem tem explicação o seu procedimento.
Por isso, para prevenir os interesses dos arrais e negociantes que assinaram a quasi totalidade (35 contra 3) e porque se trata de uma medida de grande alcance moral e social para estas terras, venho pedir à Ex.ma Câmara do Porto, a sua intervenção decisiva, mandando que a praça que se realiza todas as semanas às segundas-feiras, no cais da ribeira, não possa começar, de hoje em diante, antes das doze (12) horas, podendo continuar por todo o dia de terça-feira.
Desta sorte, os barcos do Castelo e demais praias concorrentes podem partir na madrugada das segundas-feiras, por forma a estarem na Ribeira ao meio dia, começando todos a essa hora os seus negócios, sem prejuízo para ninguém. Para bem da Nação. Fornos de Paiva, 14 de Julho de 1933. P.e José Soares Correia de Noronha. 
Respondeu a Câmara do Porto a este ofício, dizendo não ser das suas atribuições o que se pedia, mas sim da Capitania Marítima.
Dizia-se ao tempo que a nova lei do descanso semanal abrangeria toda a espécie de comércio, e, como o tráfico do rio Douro era comércio, esperei a ver se a Lei fazia, sem favor, o que pretendíamos. Infelizmente nada se fez. Oxalá este meu esforço sirva de exemplo e incentivo a outro mais feliz. Ass. P.e José Soares Correia de Noronha”.

P.S. – O concelho deve uma homenagem a esta gente de marinheiros, arrais, construtores de barcos, carreteiros e negociantes de toda a espécie de produtos (ovos, animais, fruta, vinho, azeitona, carvão, etc. etc.).Esse gesto hoje em dia, deve ser por forma a ter um efeito multiplicador,  dinamizando a economia, agregando portanto instituições e pessoas, servindo de âncora ao turismo, pelo que pode muito bem ser materializado na promoção e salvaguarda do imenso espólio físico e espiritual recolhido e/ou localizado por efeito das iniciativas levadas a cabo pela ADEP (Associação de Estudo e Defesa do Património Histórico-Cultural de Castelo de Paiva), ao longo dos seus últimos 30 anos de intensa  actividade.
É que é tempo de alterar procedimentos que custam milhares de contos ao erário público com a feitura de fontes luminosas, festarolas e foguetórios, rotundas e mamarrachos, enquanto estes monumentos e memórias estão esquecidos pelos entes públicos...

(*) - Pároco que veio a ser da freguesia de S. Martinho de Sardoura.

Texto revisto do já publicado no TVS, nos finais dos anos 90.

































Martinho Rocha