domingo, 27 de setembro de 2020

O restauro da Ponte velha de Pedorido - Minas do Pejão

Os trabalhos de restauro e manutenção da ponte velha de Pedorido, que se vão iniciar, não deveriam ficar-se apenas pela estrutura. O facto daquela ponte (rodo-ferroviária) ter servido a circulação de diversas locomotivas atreladas a dezenas de vagões, ora vazios, ora carregados, e ser ainda um elemento vivo do conjunto animado do nosso imaginário (mesmo para quem não viveu essa epopeia!), exigiria uma outra estratégia que preservasse e mantivesse essa imagem do conjunto dinâmico e desenvolvimentista do Couto Mineiro. Por sua vez a única locomotiva (ao nosso cuidado) jaz a degradar-se sem um coberto, já saqueada e à mercê do vandalismo. Não vamos aqui falar do Museu Mineiro, mas poderíamos falar do recente PR 2 – CPV (percurso Caminhos do Pejão Velho que colocamos para uso dos caminheiros curiosos), no território das Primeiras Minas do Pejão, dos fósseis recolhidos por António Patrão, que vamos expôr, ou da animação mineira criada por três associações paivenses (ARCAF, GDCP e ADEP), e que brevemente será instalada num pavilhão nas Concas para lembrar que há algum trabalho que silenciosamente se vai fazendo e que se ancorado com outros valores e meios como seria o agregar da locomotiva à ponte, ajudaria a dar mais um passo para uma metodologia e dinâmica mais abrangentes de respeito pela memória e conhecimento do património mineiro. Em dezembro de 2013 o Movimento de Defesa da Ponte Centenária partilhou connosco o depoimento que segue e que fala na primeira pessoa do conhecimento que tem da atividade das locomotivas o senhor Abel Francisco Alves Cardoso, de 67 anos, residente em Pedorido, Castelo de Paiva.
O SEU PERCURSO DE VIDA Começou com 18 anos na ECD começando desde logo nas locomotivas. Não houve tempo para aprendizagem, foi logo ocupar um lugar. Trabalhou nisto durante 2anos, tendo deixado devido à vida militar. Quando regressou as máquinas estariam a terminar (1969). Nas máquinas existia o Maquinista, o Fogueiro (punha o carvão na fornalha) e o ajudante (levava o carvão ao Fogueiro). O ajudante escolhia o melhor carvão que vinha nos vagões desde o Fojo até Pedorido. Este era o trabalho do Sr. Abel. Utilizavam umas botas de borracha que existiam na cooperativa. O TRANSPORTE DO PÚBLICO, NÃO AUTORIZADO As máquinas eram utilizadas para transporte do carvão mas o Sr. Abel lembra-se bem das inúmeras “boleias” que os trabalhadores apanhavam, bem como pessoas que vinham à cooperativa fazer as suas compras. Embora, estivessem proibidos de transportar pessoas, o maquinista abrandava aquando da passagem pela cooperativa. O RESPEITO PELA ESTRUTURA DA PONTE Em cima da ponte centenária só passavam três de cada vez, no caso de haver um “susane”. Se fossem espanhóis ou ingleses poderiam passar quatro de cada vez. Descarregavam na curva do Martins e iam para trás buscar os outros até passarem todos os vagões. Já nesta altura existia uma placa em granito com o peso permitido na ponte. Os vagões do carvão eram de vários tipos: Espanhóis . 8toneladas Ingleses – 10toneladas “Susanes” – 14toneladas Por esta altura a ponte centenária servia ao tráfego ferroviário e rodoviário por isso o tráfego rodoviário esperava enquanto os vagões eram transportados. Se fosse um carro ligeiro conseguia passar pois os passeios eram muito mais estreitos (praticamente metade). E ELA NÃO CAÍU! Do Fojo para baixo a máquina trazia cerca de vinte vagões. As locomotivas que faziam o percurso Pejão – Pedorido (desvio junto ao ramadinha) eram as maiores (Pedorido, Pé de Moura) e demoravam cerca de 1hora a fazer este percurso. Desde este desvio até Germunde circulavam máquinas mais pequeninas (Pejão; S. Domingos; Fojo). A dada altura alguém colocou massa a mais nos casquilhos, as caixas abriram e a máquina não conseguiu parar antes da ponte e atravessou a ponte com todos os vagões, parando só já junto ao cemitério. Por vezes, utilizavam areia para colocar nos carris com o objetivo de conseguir parar as máquinas. OS CUIDADOS E REGRAS DE CIRCULAÇÃO Como havia apenas uma linha as máquinas apitavam para sinalizar onde estavam e organizar as viagens. Quando vinha a máquina no lugar da Quintã (por cima do Meirão) apitava para que em Pedorido se soubesse que ainda tinham tempo para fazer mais uma viagem até à Estação. Assim iam jogando com as viagens das máquinas grande e das máquinas pequeninas que por vezes circulavam até à Estação. p.s. Em breve esperamos lançar o novo livro de Mário Gonçalves Pereira MINAS DO PEJÃO - Memórias
Martinho Rocha

sábado, 19 de setembro de 2020

Assalto à Casa da Boavista

Diz o DCIAP - Departamento Central de Investigação e Ação Penal da Procuradoria Geral da República que a situação denunciada pela ADEP, em inicios de agosto, que identificava várias leiloeiras e sugeria que fosse confrontado o processo de imposto sucessório (património do legado) com o espólio atualmente existente na Casa da Boavista, já foi alvo de avaliação e decisão pelos serviços! Esperamos sinceramente que apesar de não serem para já visíveis os resultados que todos ansiamos, o assunto esteja efectivamente em resolução e os bens sejam localizados e devolvidos... Das sugestões endereçadas ao senhor Presidente da Câmara Municipal em audiência concedida à ADEP em 8 de setembro, ainda não tivemos qualquer informação.
Martinho Rocha

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Obras na Vila!

Hoje a ADEP pediu ao senhor Presidente da Câmara que tome todas as diligências para que os trabalhos tenham acompanhamento arqueológico. As obras já decorrem, em local sensivel, n"a Rua" onde se construiu o edificado mais antigo da Vila, que todos conhecemos, e que vem assentando em todo um casco urbanizado, medieval e porventura até mais antigo.

sábado, 5 de setembro de 2020

Cancelada a Feira do século XIX

Cancelada a Feira do século XIX Estamos todos desejando que a edição do próximo ano seja possível, cientes de que este tempo deve servir para repensar o modelo, melhorar os conteúdos e encontrar apoios. O público tem vindo a mostrar, ano após ano, que este tipo de evento é um cartaz turístico incontornável no panorama etnográfico da região!
Antes da pandemia dizíamos no nosso Plano de Atividades 2020! "No que respeita à feira do século XIX, também as orientações que vimos seguindo de valorização de quadros temáticos e teatro de rua são para manter e melhorar e bem assim, iniciamos já em 2019 o alargamento do programa para dois dias. Nesse sentido se avaliará se para a participação de artesãos e figurantes, com as suas artes e saberes deva a ADEP criar previamente as condições para que os utensílios e as oficinas possam contar com a improvisação prévia de espaços abrigados. A ligação da feira do séc. XIX ao espólio etnográfico e ofícios tradicionais rurais dirigida a recrear episódios e momentos marcantes de cenas do quotidiano, que envolverão necessariamente mais atores e mais animação teatral, exige que também o Guarda-roupa esteja ao nível do exigido pelo que necessita de ser dotado dos meios que cuidem da sua conservação e recriação"

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Upa, upa aos Penedos D´El Rei Garcia em Sobrado!

Upa, upa aos Penedos D'El Rei Garcia em Sobrado! Para servir o desporto e/ou a cultura eis que várias associações estão a trabalhar para levar por diante o trilho aos penedos Del´Rei Garcia e outros. Será que como aconteceu no Pejão Velho vão ser as associações a pôr de pé uma estrutura importante para conhecer e divulgar o património concelhio e as autarquias serão apenas meras colaboradoras? Do nosso plano de actividades transcrevemos o que vimos defendendo, de resto nada que Pinho Leal, Strecht de Vasconcelos ou Hermano Saraiva não tenham defendido já. Trata-se afinal de trazer para a ribalta alguma da nossa história; uma recente, de trânsito entre o Douro e Arouca, feito por carreteiros e almocreves e outras vidas que os documentos e as lendas teimam ligar aos nossos penhascos, castros, penedos e palácios, por bruxos reis e guerreiros! - Importa "valorizar locais, criando percursos e rotas, aconselhar geminações e intercâmbios culturais de Castelo de Paiva com cidades e vilas da Europa e do Brasil, com base nos recursos da nossa história e paisagem (da genealogia à geologia e à lenda); Vamos procurar mais parcerias e motivar outros interessados para causas comuns, em iniciativas como no ano passado fizemos avançar, e pretendemos que se repitam, de que é exemplo, “Na Senda de Almansor a caminho de Santiago” que visa dar visibilidade ao caminho de Fátima e Santiago, na região, mas em que este território representa apenas a ligação a esse itinerário entre o sul e o norte do Douro. E o mesmo se diga, do percurso pedestre às origens de Santo António. É que se a geografia nos brindou com uma situação estratégica privilegiada - como vem sendo comprovado pela história e arqueologia - com bons locais para extração de minérios, de fácil acesso à navegação fluvial e de passagem e atravessamento seguro do Douro, locais adequados a práticas marciais e de refúgio; se o nosso território é tão rico, e desconhecido, porque não levar para o terreno sinaléticas e roteiros do que sejam por exemplo dois dignos percursos, “pelas Minas e Fósseis” e “pelos Castros, Grutas e Mamoas, com subida aos penedos d’El-Rei Garcia”?. Conseguimos ver aprovada, pela AMI – Fundação de Assistência Médica Internacional, a candidatura “Nova Vida para o Pejão Velho!” a apoio financeiro europeu no âmbito do programa NoplanetB que nos possibilitou já este ano implantar, com a ajuda dos nossos parceiros, o PR 2 CPV - percurso pedestre, entre as primeiras minas do Pejão e o cavalete do Fojo. Martinho Rocha