“…o homem, o ser humano, não devia morrer…“ e se Simão
Cardoso o diz ao jeito de quem aponta à leitura de inscrição filosófica insculpida
no frontispício de um pórtico votivo à memória do mais comum dos mortais, é
para Caetano de Oliveira que esse desejo e clamor se dirige! E ainda que o
apresentante da recentemente editada obra “Esse rio que era Douro”, na oração
de memória “in memoriam” ao autor, seu
amigo, nos tente anestesiar, massajando-nos
essa dor (que só conhecemos quando perdemos os que nos são próximos…) com ditos
como “A Vida tem um sentido que se projecta muito para além do tempo real; não
desaparece, apenas se transforma em Vida, uma Vida Nova…”) cola-se-nos um pesado
sentimento de orfandade, mesmo para quem – qual filho estouvado e desavindo – ,
demasiado tarde, conhece verdadeiramente o pai…
Conhecer um pouco da vivência ribeirinha, na nossa região, e
deparar com a descrição feita por Caetano de Oliveira às insónias e canseiras da pequena campanha do pescador e seus
auxiliares “Mundo” e “Portugal” na
crónica d’A pesca do sável”, que leva João de Araújo Correia a exaltar este
texto e propô-lo para o lastro e fundações
do Museu do Rio Douro, é perceber e aceitar que afinal à morte física uma nova
Vida se segue…. E mais diz, e bem: “Há vidas, umas mais que outras, que
permanecem actuantes, nesta terra, até à consumação dos séculos.”
E se esta arte de bem trabalhar a “tesoada” requer cuidados
redobrados, em defesa da ética e com vista ao necessário rendimento, a nossa
função, prestando tributo ao autor e apresentante, deve ser apenas o mais pedagógica possível, e não pode fazer outra
coisa, que recomendar a sua leitura.
Manuel Caetano de Oliveira, ao centro, numa entrega de prémios aos vencedores dos Jogos Florais da ADEP, no Castelo, nos finais dos anos 80, de que aceitou ser membro do Júri.
Martinho Rocha
1 comentário:
Prezados Senhores, boa tarde.
Eu tenho muito interesse em adquirir este livro, para fins de pesquisa. Os senhores poderiam me dizer onde posso adquiri-lo? Resido na Holanda e o meu email é: sgenu@me.com
Muito grata, Sonia Genu
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