domingo, 22 de julho de 2018

Sardoura / Feiras do Vinho serão como as capelas, distintas apenas pelo santo de invocação…



Viva a freguesia de Sardoura que não aceita ficar para trás, puxa  dos seus galões e organiza estes dias a primeira feira do vinho. Pois se todas as freguesias passaram a organizar as suas feiras do vinho (e/ou actividades), porque não o havia de fazer Sardoura? Vinho pois então, que a freguesia é grande, senão  mesmo das maiores em produção.
Não deixa no entanto de causar alguma estranheza que tantas vontades e entidades se unam para organizar estes eventos de promoção de vinho, o que sob o ponto de vista do mercado, está certo porque o objectivo  é  vender, e nada se mova para dotar o concelho- a sub-região de Paiva – das infra-estruturas que já teve  (a adega cooperativa) e necessitará  voltar a ter– pensamos - (que nos convençam do contrário…) de organização idêntica como forma de apoio aos pequenos produtores e explorações familiares, seja no que isso significa para a economia local e também de escala produtiva, seja  numa atitude de responsabilidade social,  por parte das empresas já bem colocadas ou até  autónomas.
A criação da sub-região do Paiva terá na sua génese (pensamos, mesmo para quem não perceba muito do tema, que do gosto já é mais fácil…), a boa aptidão do nosso território, em termos de solo, de clima; factores que potenciam a conjugação de algumas castas que nos brindam com uvas que fazem os famosos tintos e brancos… a que podemos hoje sem falsa modéstia acrescentar o prestígio granjeado, o saber fazer e a memória e história desta cultura ancestral…
E estas são razões mais que suficientes para que o tema mereça uma reflexão séria e que  haja iniciativas concretas porque também das estatísticas nos dizem que as exportações dos vinhos verdes vem ano a pós ano a aumentar . Se houver mais produção e trabalharmos com profissionalismo há-de chegar-se ao mercado, criando mais trabalho e emprego, contribuindo para dar mais condições de vida e combate à desertificação a que vimos assistindo, e que permite  a devastação e o avanço de outras forças (como os incêndios, as infestantes…),  mortais à nossa paz e sossego de tantos e tantos ecossistemas perfeitos que foram recantos outrora cultivados, alguns também a vinha, pelos nossos antepassados.
Uma nota para louvar a iniciativa da Câmara de Oeiras (*)que de há anos a esta parte vem a trabalhar para relançar e desenvolver o cultivo, produção com envelhecimento (como é de regra no caso) e venda do famoso vinho da sua região (generoso de Carcavelos).

Adega do Palácio Marquês de Pombal

(*)
O vinho de Carcavelos faz parte da impressão digital de Oeiras. Na reconstrução do que se herdou e na criação de um novo modelo de território, não poderíamos na plena consciência do que fomos, esquecer e abandonar à sua má-sorte, o nosso vinho de Carcavelos.
Este vinho generoso remonta ao século XIV e atingiu o seu período áureo pelas mãos laboriosas e mente acutilante de Sebastião José de Carvalho e Melo – Marquês de Pombal e Conde de Oeiras. O vinho de Carcavelos correu mundo. Entrou nas mais variadas culturas. Chegou a dar parte da sua 'alma' ao vinho do Porto de forma a proporcionar-lhe um 'corpo' e um paladar superior. Deste período fértil e auspicioso, decaiu para níveis que sem a intervenção da autarquia era expectável que deixasse de existir.
Nele se pegou e se recuperou e hoje, a vinha continua a produzir, na encosta virada para o Tejo, na terra que sempre foi fértil, sacudida pelo vento que nos é típico, as castas. No branco, Galego Dourado, a Ratinho, a Arinto, as Rabo-de-Ovelha e a Seara-Nova; no tinto, a combinação perfeita entre as castas Castelão, Amostrinha e a Trincadeira. Castas que misturadas na medida exata, qual alquimia, dá origem ao nosso generoso.
​Seis prémios nacionais e internacionais foram atribuídos já em 2018 ao vinho de Carcavelos produzido pelo Município de Oeiras
Prémio Prestígio da Revista Paixão pelo Vinho ao Villa Oeiras Colheita 2004, Medalha Grande Ouro do ViniPortugal/Concurso Vinhos de Portugal ao Villa Oeiras Colheita 2004, Medalha de Prata do Concurso Mundial de Bruxelas ao Villa Oeiras Blend 15 Anos Superior, Medalha de Prata do Concurso Selezione del Sindaco ao Villa Oeiras Blend 15 Anos Superior, Medalha de Ouro do Concurso Selezione del Sindaco ao Villa Oeiras Colheita 2004 e Medalha de Ouro do Concurso Selezione del Sindaco ao Villa Oeiras Blend 7 Anos. 

Recorde-se que se celebram em 2018 os 110 anos da Região Demarcada do Vinho de Carcavelos
O vinho Villa Oeiras produzido pelo Município envelhece na Adega do Palácio Marquês de Pombal que está agora aberta ao público de terça-feira a sábado, entre as 10h. e as 18h.










Escreveu Martinho Rocha


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