sábado, 10 de março de 2012
Pedras que falam ! As Pedras de Linhares
Local incontornável na história trágico-fluvial do Douro, pelos inúmeros relatos de afundamentos de barcos rabelos, as pedras de Linhares, junto à foz do Rio Sardoura, hoje submersas por causa do enchimento da Barragem de Crestuma são um conjunto de "penedos errantes" como lhe chama Pinho Leal que estão também associados a movimentações militares dos miguelistas.
A Quinta de Linhares fronteira às referidas Pedras terá sido o Quartel -General, o lugar de esconderijo e de repasto para um conjunto de figuras que como Pinho Leal, Mac- Donell e até Camilo Castelo Branco por aí terão passado em funções e actividades diversas,designadamente belicosas e de convívio gastronómico.
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1 comentário:
Boa noite e, do meu Passado pelas margens do Douro, jamais acabariam as Histórias, os momentos e o convívio com as Gentes Rabeleiras que, "Aladas ao longo do extenso Areal do Douro", descansavam enquanto os Rabelos não aportavam a Midões, pequena Aldeia situada na margem Esq. Duriense, para o merecido descanso face ao enorme esforço para vencerem as Pedras de Linhares que se situavam um pouco acima da Quinta da Cortiça, pertença de Canela- Penafiel.
Na vinda "Douro abaixo", a atrocidade era algo mais tenebroso que dobrar o Cabo Bojador, pelos Nossos Navegantes descobridores de Novos Mundos.
Naqueles tempos da Escola, 1957~ 1960, em plena Aula, e porque a Escola se situava no Remoinho ( Rio Mau) a cada instante, em especial na ausência d Vento Norte, lá ouvíamos as estrondosas vozes dos Rabeleiros:
- Boieiro...boieiro. boieiro, e os lavradores da Terra lá corriam para o início do Areio D´Ortos com as suas juntas de bois, para alarem os Rabelos até ao topo do areio,(Carneiro) frente a Gondarém-Raiva.
... e umas dezenas de metros arriba, se situava Midões, onde os Rabelos e Rabeleiros se preparavas em descanso, para vencerem as difíceis correntes que em "Zigue-Zague" contornavam as Famosas Pedras de Linhares.
Do termo "Boieiro" que significava o chamamento pelos Homens dos bois - os Lavradores da Terra- surgiu um Adágio bem Popular em Rio Mau, e que traduzia o trabalho que tantas e tantas vezes com minha Avó, Tias e demais Conterrâneos, no final do dia fazíamos.
Com aqueles gigos de palha, uma mão em cada asa, lá íamos beira Douro arriba, apanhar a "Bosta que os Bois", em seu esforço, deixavam na beira rio.
Sim, porque tapar a "Porta do Forno" e usá-la para a "Barrela", além o estrumar das hortas, era mais que útil !!!
Então, quando por ausência de tempo Escolar, brincávamos pelos caminhos da Terra, as velhinhas nos diziam:
- Olhai, meninos !!! Se acaso nada tendes para fazer, em lugar da brincadeira, ide à "Bosta para o Areio D´Ortos !!!
Tão real quanto estar a contar-vos, foi a sorte, ou o Anjo que protegeu !
Certa tarde, ao sabor do Vento Norte, com o amigo Raúl Pichel, decidi subir o Douro num daqueles Valboeiros à vela, com o intuito de irmos pescar para as Pedras de Linhares.
Um pouco acima do Carneiro, onde a ti Balbina procedia á passagem do Douro a quem pretendia ir para Gondarém, Midões e até para Paiva, uma "Rabanada de forte vento Norte" fez rodar a vela do Valvoeiro e, eu que segurava a corda, desequilibrei-me e, sem a largar, caí na forte corrente e lá fui ao sabor da cristalina Água do Douro !
Valeu- esse Anjo que, a "Esparrela" com que guiava o barco, se agarrou á corda e me fez voltar a bordo do Valboeiro !!!
... e de seguida, vencido que tinha sido essa aventura, lá seguimos até às Pedras de Linhares, onde por entre elas e ao sabor das correntes, pescamos saborosos barbos.
... e, porque a noite requer descanso, me fico por aqui, mas outras mais histórias nesse Doiro de Águas Cristalinas, mas "Doiradas nas correntes Invernais" nunca esquecerei mais !!!
Mário Oliveira - (o Capela do P.A.C.) nos anos 1964 até aos tempos do início Militar, 1970.
Note: meu E-Mail frequente, e mais acessível, é: Mario.oliveira@hotmail.com
Arigatô.
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