sábado, 20 de julho de 2013

Barão de Castelo de Paiva também estudou as Ilhas Selvagens ?

Vulto paivense estudou as Selvagens, no séc. XIX ?


A visita de Cavaco Silva às Selvagens não deixará de reafirmar a soberania daquele território que confere a Portugal a maior Zona Económica Exclusiva da União Europeia (1,6 milhões de quilómetros quadrados), potenciando além do mais a dimensão de mais 2,15 milhões de quilómetros da plataforma continental, cuja jurisdição Lisboa quer ver reconhecida pelas Nações Unidas entre 2014 e 2015. 
Independentemente da soberania e consequentemente do valor económico que possa representar, há que reconhecer que estamos perante um sítio de elevada importântia ambiental, já classificado pela UE como Rede Natura 2000.A Macaronésia foi mesmo a 1º região biogeográfica a existir na Rede Natura 2000!
É noticiado que a visita assinala também o 50.º aniversário da primeira expedição científica às ilhas, realizada pelo ornitólogo de origem inglesa Paul Alexander Zino e que conduziu ao estabelecimento nas Selvagens da mais antiga reserva natural do país (1971). Porém um vulto paivense das letras e das ciências, António da Costa Paiva (Barão de Castelo de Paiva) desenvolveu actividade de exploração científica nas ilhas da Macaronésia (que inclui os arquipélagos da Açores, Madeira, Canárias, Selvagens, Cabo Verde), onde estudou insetos e moluscos e descobriu novas espécies, na companhia de distintos cientistas como John Edward Gray e Vernon Wollaston. Ficará o trabalho de um paivense ligado à maior ZEE da União Europeia ?
Segundo Tolentino da Nobrega in Público "As Ilhas Selvagens despertaram desde sempre o interesse de naturalistas e cientistas. A primeira visita com fins de carácter científico foi feita pelo capitão James Cook em 1768 e em 1778 Francis Masson, botânico do Jardim Botânico Real de Kew, efectuou colheitas de plantas nas Selvagens. Durante os séculos XVIII, XIX e até meados do século XX, as visitas de cientistas às Selvagens foram sempre de carácter esporádico e nunca com o intuito de estudar com continuidade a fauna lá existente, nomeadamente as aves marinhas, que durante uma parte do ano se encontram nas ilhas a nidificar, sublinha o biólogo madeirense Manuel Biscoito. Tendo consciência da precariedade da informação científica existente, Günther Maul, director do Museu Municipal do Funchal e o major na reserva C. Pickering, botânico amador, decidiram em 1963 organizar a primeira expedição científica multidisciplinar às Ilhas Selvagens, para a qual foi fretado o navio “Persistência” da Empresa Baleeira do Arquipélago da Madeira.
Esta expedição, entre 15 e 27 de Julho, contou com a presença de cientistas de diversas especialidades, entre os quais Christian Jouanin e Francis Roux, do Museu de História Natural de Paris, os quais a partir daí se mantiveram intimamente ligados ao estudo da fauna ornitológica das Selvagens. Desta expedição resultou a publicação, no Boletim do Museu Municipal do Funchal, de nove artigos científicos, sobre as aves, insetos, plantas e rochas das Selvagens, constituindo um volume com 170 páginas."
Motivos estes que exigem que se conheça mais sobre a vida e obra deste paivense. Este como outros assuntos deviam merecer mais reflexão, ponderação e outra atitude no que aos orçamentos da cultura deveria dizer respeito.


Sobre a biografia de António da Costa Paiva(Barão de Castelo de Paiva) ver post anterior (recorte de informação da FLUP)

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