quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Deve, também, consagrar-se a Sobrado de Paiva o estatuto de terra-berço da língua portuguesa!




Obra Sobrado de Paiva Medieval

de Mário Gonçalves Pereira


- Da apresentação em 3 de Fevereiro de 2018, destacamos as seguintes observações do autor:

O livro ora em apresentação é mais um da colecção ECOS da História, editado a expensas da ADEP, concebido com base em fundamentos históricos medievais, que se pretende fiquem a perpetuar, como mais um capítulo, nos anais da história de Castelo de Paiva, em especial, de Sobrado de Paiva.
Não podemos servir-nos da terra que pisamos apenas para nos alimentarmos, dormir e procriar: temos de produzir, ou construir algo como recompensa pela nossa passagem. Neste contexto, e como um novo contributo da minha parte, entra   hoje no mercado livreiro esta minha pequena obra.
É um livro de uma viagem no tempo, com uma retrospetiva de mil anos, para dar continuidade ao fazer da nossa história nos dias de hoje. Como tantos outros, este livro pretende afirmar-se como instrumento indispensável para a cultura de um povo, neste caso específico, do povo de um pequeno território a que deram o nome de Paiva. É um livro que perdurará enquanto não for  destruído pelo tempo e por aqueles homens cujo espírito não se identifique inteiramente com a história, a nossa história local, mas, no meu entender, os livros de história não deveriam ser destruídos nunca; ao menos que se perpetuassem até que surgissem outros que melhor os pudessem substituir.
- E continuou:
Não fora a existência de pergaminhos medievais dos séculos X, XI e XII, anos de 1066, 1070 e 1175, ou mesmo antes, e não estaríamos, hoje, aqui reunidos a remexer o passado.

Fazer o lançamento da obra Sobrado de Paiva Medieval, berço de Villas, Quintãs ou Honras e Terra dos Senhores de Paiva, Nobres oriundos dos Reinos da Galiza, de Leão e da Borgonha, nesta Casa da Boavista, fruto da raiz da antiga Honra de Sobrado e villa já em 1066, faz toda a diferença. Na antiga villa de Gondim que fazia parte da honra de Sobrado, viveu Paio Soares Romeu, avô de Santo António. Devo confessar que tendo viajado já por quatro continentes, esta foi uma viagem especial, mas sem viajar, foi a minha primeira viagem efetuada ao passado medieval de Sobrado de Paiva, na busca da sua raiz histórica. Não há, assim, outro local mais apropriado e digno para fazer a apresentação pública desta obra literária, que traz ao nosso conhecimento factos da história deste lugar, passados há mil anos e que é o motivo porque aqui estamos reunidos, honrando este espaço que muito nos diz sobre os antepassados que por aqui passaram e que, hoje, homenageamos com a nossa presença.
- E saudando duas presenças:
Quero, também por isso, cumprimentar e apresentar as boas vindas e parabenizar quer os usufrutuários desta propriedade, na pessoa do senhor Viriato Soares de Almeida, quer a Câmara Municipal, na pessoa do seu presidente Dr Gonçalo Rocha, (aqui substituído pela Dr.ª Paula Melo) que representa neste momento o município que virá a tomar posse definitiva desta Casa e destas terras, num futuro ainda desconhecido, mas que preferiríamos que fosse breve, e agradecer-lhes o facto de terem proporcionado a realização deste evento,  neste local tão simbólico.
E a coincidência de estarmos aqui juntos, por causa de um livro, é, também, um momento de reflexão que propicia a aproximação ao entendimento sobre coisas bem maiores, e que serve, nesta oportunidade, para lembrar e apelar à necessidade de preservar todos estes bens, imóveis e recheio, que há muito aguardam e merecem um futuro melhor e adequado às suas características físicas e ao fim para que foram predestinados pelo seu ex-proprietário, o último Conde de Castelo de Paiva, José  Martinho de Arrochela de Miranda Montenegro de Lancastre Martens Ferrão de Castelo Branco. O tempo urge, as intempéries são cada vez mais catastróficas, pelo que todos nós ansiamos e apelamos que as partes interessadas reúnam e redobrem esforços e procurem quanto antes, minimizar os efeitos nefastos a que tais bens estão sujeitos. O que fizerem hoje, no futuro estará melhor; se nada fizerem, amanhã será tarde. Deem as mãos, unam vontades e faça-se alguma coisa já neste ano de 2018, o ano europeu do património cultural.

Ao compilar os elementos para compor Sobrado de Paiva Medieval, muitas vezes afloraram no meu pensamento, sentimentos de quanto poderia o concelho ganhar com o investimento que se fizesse para pôr de pé a CASA-MUSEU da BOAVISTA. Creio que não será tão difícil, como possa parecer. O caminho para lá chegar tem muitos caminhos,  é certo, mas basta que as partes interessadas reúnam vontades bastantes para o estabelecimento de um acordo, com indemnizações a contento de todos os usufrutuários, e a Câmara tomaria de seguida posse da coisa. O resto viria por acréscimo, certamente, agora que os bancos andam ansiosos por emprestar o dinheiro de que dispõem, sem movimento, nos seus cofres-fortes. E deveria  aproveitar-se a onda propícia dos juros baixos, que não tardarão  a subir, se é que já não iniciaram a subida, o Fundo de Turismo, organismos do Estado e Fundos da União Europeia, não ficarão alheios à importância da realização de tais obras. E depois há o povo - sim o povo - que é generoso quando a causa o justifica. Recordo que a estátua do Conde e o edifício da Misericórdia, nesta terra, foram executados com cortejos de oferendas e peditórios feitos pela população.
No entretanto, verifica-se que algumas melhorias deveriam, desde já, ser iniciadas nestes espaços. Não deixem cair as árvores e as pedras que vêm dos séculos passados e que tanto trabalho e engenho deram a equilibrar.  Não se pode ficar alheio ao tempo que passa e que corre depressa. Gostaríamos que tudo isto não se tornasse numa imerecida herança. Não tardará o tecto da casa vir abaixo. O estado interior da capela de Santo António é uma dor d’alma.
- E deu sugestões:
Em benefício desta causa, existe aqui um recinto formidável para a realização de eventos festivos ou outras actividades a que se pode deitar mão para o rentabilizar, como sejam: noites de fado sejam os de Coimbra, de Lisboa ou do Porto; Concertos pela Academia de música, Teatro para crianças, jantares de apoio à causa, etc. etc., a preços justos, podiam reverter para obras de beneficiação.
- E apelou:
Também aos párocos do concelho faço um apelo: se pudessem, e se se quisessem revezar, podiam celebrar de janeiro a junho, mês do Santo António, todos os anos, uma missa semanal nesta capela, ainda que com algum sacrifício da sua parte, cujos donativos da assistência deveriam reverter para obras de restauro da mesma.
E não ponho de parte a hipótese de os mesmos párocos se organizarem e conciliarem as datas dos casamentos de cada ano, dentro do possível, e realizarem aqui, em comum, numa só data festiva, os casamentos de Santo António dos noivos do concelho, que poderiam percorrer, a pé, o percurso desde a ADEP, rua da Boavista acima, até esta Capela de Santo António, ao som da marcha nupcial. Vejam só a beleza que este evento proporcionaria ao público que acorreria a ladear tal artéria.
- Sugeriu ainda:
E à Câmara municipal lembro que poderia estender parte dos seus Serviços como os ligados à Arquitectura, Urbanismo e mesmo obras, instalando-os na Casa Torre de Vegide, ou mesmo fazer deste edifício a Torre do Tombo do Arquivo do município de Castelo de Paiva. Enfim, muitas outras ideias podem surgir, se entretanto procurarem meter mãos à obra. Um homem que não se alimenta de sonhos - já dizia Shakespeare – envelhece cedo.
Por isso peço ao senhor presidente da Câmara e ao senhor Viriato, que façam deste evento o ponto de partida para iniciarem conversações com vista a uma solução definitiva para a Casa Museu e afins. Os terrenos circundantes, a incluir no projecto, rentabilizados, trarão um acréscimo importante ao comércio local com todos os benefícios daí resultantes em termos de emprego e de receitas.
- E referindo-se ao livro, salientou:
Reportando-me ao livro em apreço, Sobrado de Paiva Medieval, devo confessar que é uma pequena súmula de alguns feitos e acontecimentos medievais protagonizados por personagens aqui nascidas e criadas e por isso apelidadas com o nome Paiva: Paiva uma terra que cresceu sempre de pé porque as pequenas montanhas não têm planícies para se deitarem nelas, mas há rios a banhar-lhes os pés, rios que permitiram que várias civilizações chegassem até aqui.
Preparei o trabalho para a composição deste livro como se estivesse qual aluno, sujeito à disciplina de escola, imbuído da responsabilidade de apresentar a um júri todo esse projecto que ia compilando, com pesquisas e mais pesquisas, com as quais fui aprendendo e tomando conhecimento dos novos factos da história que, simultaneamente, ia escrevendo para memória da História de Sobrado de Paiva, de tal sorte que encontrei, com um misto de grande emoção, surpresa e enorme sentimento de satisfação, descrições da coexistência aqui, nesta terra que pisamos, na margem do paiva, de dois paivenses ilustres: um, ligado à primeira cantiga escrita em galaico-português, João Soares de Paiva e outro, seu irmão, Paio Soares Romeu (de Paiva), tido como o autor do primeiro texto escrito em Português, ambos ascendentes de Santo António: João Soares de Paiva, como bisavô e Paio Soares Romeu como avô, maternos.  Logo magiquei que bem merecem, os dois, ser honrados na toponímia da área onde já existe um arruamento com o nome de seu pai, Soeiro Pais de Paiva, o Mouro, pelo que me permito deixar sugestão de duas ruas, para esse efeito, ao sr. Presidente da Câmara, para que a história se lembre deles para sempre.
- E comparou:
A história de Portugal consagra a Guimarães o direito de terra-berço da nacionalidade portuguesa.
A partir de agora deve, também, consagrar-se a Sobrado de Paiva o estatuto de terra-berço da língua portuguesa, que assume assim, um posicionamento histórico da maior relevância, porque aqui viveu um nobre paivense autor do mais antigo texto escrito em português.
- E agradeceu:
Deixo, também, ao cuidado dos exmos convidados a busca, na obra ora lançada, do restante da história medieval de Sobrado de Paiva.
Acresce dizer-lhes que a partir de hoje, este livro já não é meu, compartilho-o com todos vós. Podem levá-lo e compartilhá-lo, também, com outros familiares e amigos. É por uma boa causa, a ADEP, Sobrado de Paiva e a sua história agradecem, eu também.

A todos, muito obrigado.

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