Para abrir o espaço entrevistas dámos o primeiro passo. Hão de seguir-se outras. É urgente ouvir os nossos séniores/mestres e mestras em tantas e tantas coisas. Renova-se aqui o nosso apelo a voluntários para estas causas. É bem vinda a disponibilidade já oferecida para um "pacote" de entrevista às nossas cozinheiras. Bem Haja ! Ficamos a aguardar.
MAQUINISTA DE LOCOMOTIVA DO PEJÃO
Esta entrevista foi realizada por elementos do Grupo de Dinamização e Cultura de Pedorido em colaboração com a ADEP no processo de Classificação da Ponto rodo-ferroviária de Pedorido.
12/02/2014
Pedorido
Nome:
Abel Francisco Alves Cardoso
Idade:
67 anos
Morada:
Pedorido
Percurso:
Começou
com 18 anos na ECD começando desde logo nas locomotivas. Não houve tempo para
aprendizagem, foi logo ocupar um lugar. Trabalhou nisto durante 2anos, tendo
deixado devido à vida militar. Quando regressou as máquinas estariam a terminar
(1969).
Nas
máquinas existia o Maquinista, o Fogueiro (punha o carvão na fornalha) e o
ajudante (levava o carvão ao Fogueiro). O ajudante escolhia o melhor carvão que
vinha nos vagões desde o Fojo até Pedorido. Este era o trabalho do Sr. Abel. Utilizavam
umas botas de borracha que existiam na cooperativa.
As
máquinas eram utilizadas para transporte do carvão mas o Sr. Abel lembra-se bem
das inúmeras “boleias” que os trabalhadores apanhavam, bem como pessoas que
vinham à cooperativa fazer as suas compras. Embora, estivessem proibidos de
transportar pessoas, o maquinista abrandava aquando da passagem pela
cooperativa.
Os
vagões do carvão eram de vários tipos:
Espanhóis . 8toneladas
Ingleses – 10toneladas
Susanes (não sei bem o nome destes)
– 14toneladas
Em
cima da ponte centenária só passavam três de cada vez, no caso de haver um
susane. Se fossem espanhóis ou ingleses poderiam passar quatro de cada vez.
Descarregavam na curva do Martins e iam para trás buscar os outros até passarem
todos os vagões. Já nesta altura existia uma placa em granito com o peso
permitido na ponte.
Por
esta altura a ponte centenária servia ao tráfego ferroviário e rodoviário por
isso o tráfego rodoviário esperava enquanto os vagões eram transportados. Se
fosse um carro ligeiro conseguia passar pois os passeios eram muito mais
estreitos (praticamente metade).
A
dada altura alguém colocou massa a mais nos casquilhos, as caixas abriram e a
máquina não conseguiu parar antes da ponte e atravessou a ponte com todos os
vagões, parando só já junto ao cemitério.
Do
Fojo para baixo a máquina trazia cerca de vinte vagões. As locomotivas que
faziam o percurso Pejão – Pedorido (desvio junto ao ramadinha) eram as maiores (Pedorido,
Pé de Moura) e demoravam cerca de 1 hora a fazer este percurso. Desde este
desvio até Germunde circulavam máquinas mais pequeninas (Pejão; S. Domingos;
Fojo?).
Como
havia apenas uma linha as máquinas apitavam para sinalizar onde estavam e
organizar as viagens. Quando vinha a máquina no lugar da quinta (por cima do
Meirão) apitava para que em Pedorido se soubesse que ainda tinham tempo para
fazer mais uma viagem até à Estação. Assim iam jogando com as viagens das
máquinas grande e das máquinas pequeninas que por vezes circulavam até à
Estação.
Sem comentários:
Enviar um comentário