sexta-feira, 10 de julho de 2015

Entrevista a Maquinista de Locomotiva do Pejão

Para abrir o espaço entrevistas dámos o primeiro passo. Hão de seguir-se outras. É urgente ouvir os nossos séniores/mestres e mestras em tantas e tantas coisas. Renova-se aqui o nosso apelo a voluntários para estas causas. É bem vinda a disponibilidade já oferecida para um "pacote" de entrevista às nossas cozinheiras. Bem Haja ! Ficamos a aguardar.

MAQUINISTA DE LOCOMOTIVA DO PEJÃO





Esta entrevista foi realizada por elementos do Grupo de Dinamização e Cultura de Pedorido em colaboração com a ADEP no processo de Classificação da Ponto rodo-ferroviária de Pedorido.
12/02/2014
Pedorido
Nome: Abel Francisco Alves Cardoso
Idade: 67 anos
Morada: Pedorido
Percurso:
Começou com 18 anos na ECD começando desde logo nas locomotivas. Não houve tempo para aprendizagem, foi logo ocupar um lugar. Trabalhou nisto durante 2anos, tendo deixado devido à vida militar. Quando regressou as máquinas estariam a terminar (1969).
Nas máquinas existia o Maquinista, o Fogueiro (punha o carvão na fornalha) e o ajudante (levava o carvão ao Fogueiro). O ajudante escolhia o melhor carvão que vinha nos vagões desde o Fojo até Pedorido. Este era o trabalho do Sr. Abel. Utilizavam umas botas de borracha que existiam na cooperativa.
As máquinas eram utilizadas para transporte do carvão mas o Sr. Abel lembra-se bem das inúmeras “boleias” que os trabalhadores apanhavam, bem como pessoas que vinham à cooperativa fazer as suas compras. Embora, estivessem proibidos de transportar pessoas, o maquinista abrandava aquando da passagem pela cooperativa.
Os vagões do carvão eram de vários tipos:
            Espanhóis . 8toneladas
            Ingleses – 10toneladas
            Susanes (não sei bem o nome destes) – 14toneladas
Em cima da ponte centenária só passavam três de cada vez, no caso de haver um susane. Se fossem espanhóis ou ingleses poderiam passar quatro de cada vez. Descarregavam na curva do Martins e iam para trás buscar os outros até passarem todos os vagões. Já nesta altura existia uma placa em granito com o peso permitido na ponte.
Por esta altura a ponte centenária servia ao tráfego ferroviário e rodoviário por isso o tráfego rodoviário esperava enquanto os vagões eram transportados. Se fosse um carro ligeiro conseguia passar pois os passeios eram muito mais estreitos (praticamente metade).
A dada altura alguém colocou massa a mais nos casquilhos, as caixas abriram e a máquina não conseguiu parar antes da ponte e atravessou a ponte com todos os vagões, parando só já junto ao cemitério.
Do Fojo para baixo a máquina trazia cerca de vinte vagões. As locomotivas que faziam o percurso Pejão – Pedorido (desvio junto ao ramadinha) eram as maiores (Pedorido, Pé de Moura) e demoravam cerca de 1 hora a fazer este percurso. Desde este desvio até Germunde circulavam máquinas mais pequeninas (Pejão; S. Domingos; Fojo?).

Como havia apenas uma linha as máquinas apitavam para sinalizar onde estavam e organizar as viagens. Quando vinha a máquina no lugar da quinta (por cima do Meirão) apitava para que em Pedorido se soubesse que ainda tinham tempo para fazer mais uma viagem até à Estação. Assim iam jogando com as viagens das máquinas grande e das máquinas pequeninas que por vezes circulavam até à Estação.

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