domingo, 28 de dezembro de 2014

II - Alvores da nossa Indústria.

Qual o papel desta terra na industria do papel ? Hoje toda a gente sabe que o nosso contributo é imenso - mais até do que o desejável - se tivermos em conta a eucaliptização que se operou nestas paragens...Mas no passado tivemos um papel importante nessa industria, senão vejamos:

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“O Pejão” de Maio de 1956, diz-nos que nos anos de 1941 e 1942 Castelo de Paiva exportava 50 toneladas de papel por ano, para a cidade do Porto, via porto do Castelo, em barco rabelo (ver valores/tráfego para: Cais do Castelo em “Castelo de Paiva e o seu Porto Fluvial".
Existiram várias fábricas de papel, no Sardoura e o Arda. Há também quem refira que no Porto era conhecido e preferido o papel de embrulho (costaneira) de Paiva!. 
Em 1852 segundo a estatística industrial  existiam em todo o país 28 fábricas de papel; onze estavam sediadas no concelho da Feira e quatro em Castelo de Paiva.
Em 1947 diz Margarida Rosa Moreira de Pinho in “Elementos para a História de Castelo de Paiva” pág  9, que "(…) A água, além de ser aproveitada para regar e fertilizar a terra, é também utilizada para fazer mover lagares de azeite, moinhos e azenhas de cereais e de linho, e fábricas de serração e papel.(…)”
Em 2000 a Junta de freguesia de Real elaborou um inventário onde constam 25 moinhos, de moer cereal (julgamos que todos no Sardoura) com um total de 30 rodas, embora tenhamos dúvidas se nessa data ainda funcionavam todos. Não podemos esquecer também os "da Paiva".

No que ao papel diz respeito, hoje apenas sabemos da existência de uma unidade de fabricação de cartão no Rio Arda e que é de existência bastante antiga, tendo sido desativadas as que laboravam na Balsa, rio Sardoura, estando uma delas (a que recebia água do Sardoura através de uma roda gigante) já abandonada e em degradação avançada em  Abril de 1987, como podemos confirmar. Na ocasião a ADEP ainda procurou sensibilizar os órgãos na administração pública central e local, com exposição no sentido da salvaguarda do património abandonado, sua preservação e  divulgação mas não obteve qualquer manifestação de compromisso e apoio a essa causa.




escreveu Martinho Rocha

sábado, 20 de dezembro de 2014

Feliz Natal e Bom Ano Novo !


Nesta quadra festiva a Direcção da ADEP deseja a todos os seus associados, colaboradores, patrocinadores e amigos um Feliz Natal e um Bom Ano Novo!

Eis o cartão ambientalista de Boas Festas, do nosso amigo e associado Prof. Jorge Paiva !



Temos tido o privilégio de vir recebendo,  anualmente, estes cartões que têm focado alguns dos problemas estruturais e de comportamento que ameaçam  o ambiente à escala mundial e local, produzidos a partir de fotos suas.

Pela valia da mensagem e porque é Natal partilhamos os Votos de Jorge Paiva. 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Calendário de parede para 2015 !

Um ano mais e aí está o nosso esforço pela divulgação dos nossos valores - que aumenta de ano para ano!
É assim desde 1997, neste formato. Satisfaz-nos que de ano para ano aumente igualmente o número de participantes.
O nosso agradecimento aos autores, promotores e patrocinadores!
Recebemos ainda novas adesões. Haja interessados!

Os nossos associados podem dirigir o seu pedido por esta via ou  email: adeppaiva@gmail.com




segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

As (nossas ) outras Minas: de ouro, de Terramonte...



                                                     I

O concelho é rico em recursos minerais. Além do carvão de que não vamos falar hoje  há os inúmeros testemunhos de antigas explorações romanas ou até anteriores onde se explorava ouro, chumbo, zinco…(Minas dos Cubos, S. Adrião, da Quintinha, da Azenha?, etc. ). Na Carta geológica de Portugal podemos encontrar  a noticia  de que “entre Covelo e Castelo de Paiva, situa-se uma das mais importantes zonas antimoníferas do País”.
É no seio da ganga quatzosa, sob a forma de bolsadas que aparece o ouro, a prata, a blenda e pirite.Não constitui novidade se tivermos em conta que em meados do séc. XVIII se bandejava ouro nos rio Paiva e Arda.
Margarida Rosa Moreira de Pinho (em 1947) refere que:” Há minas de metais  de várias qualidades: uma de antimónio chamada Cabranca, na Raiva, duas de chumbo no Ribeiro de Terramonte e quatro de chumbo e zinco denominadas Gardunha, Ourães, Ribeiro de Castanheira e Serradelo. Todas estas ficam na freguesia da Raiva. Presentemente está em exploração uma grande mina de carvão de pedra que começa no sopé do Monte de Santo Adrião, na freguesia de Real, passa pela freguesia do S. Pedro do Paraíso, Raiva e vai até Germunde, em Pedorido.
Como a exploração tem sido feita intensamente no Pejão - freguesia de S. Pedro do Paraíso - denomina-se "Couto Mineiro do Pejão". Aqui andam empregados mais de 2000 operários, não só do concelho como das regiões distantes".

                                                        II



E no séc. XIX o que sabemos? 

As mineralizações de Pb-Zn-Ag, localizam-se na margem esquerda do Douro . Os jazigos eram cobertos por seis concessões, uma das quais, Terramonte. A primeira concessão a ser objecto de lavra (1882-1884) foi a de Ribeiro da Lomba (Gondarém), cerca de 1.5 km a norte de Terramonte, mas os trabalhos foram abandonados devido ao empobrecimento do filão e a empresa concessionária (Companhia das Minas de Gondarém) transferiu os trabalhos de pesquisa e exploração para Terramonte (Relatório e Contas da Direcção da Companhia Portuguesa das Minas de Gondarém 1884 e 1886).
O jazigo de Terramonte foi intensamente trabalhado no fim do século passado, entre 1860 e 1890. 


                                                   III


Nos anos 60/70 do séc. XX sobre Terramonte:
Não temos tanta informação assim. De qualquer forma haverá que desmistificar um pouco aquela ideia de que a exploração não tinha as melhores condições de segurança (houve algumas mortes violentas no cenário laboral, sempre de lamentar…) e de que não seria tão séria e transparente a conduta da empresa que explorava o Couto Mineiro de Terramonte e que por isso o fecho teria tido imposto pelo Estado na base de desconfianças de que a empresa estaria a retirar minérios que não faziam parte da licença de concessão...o que justificaria a atitude - quando do encerramento - de mandar explodir galerias e minas (para não deixar acessos a quaisquer vestígios comprometedores? – interrogam-se os antigos mineiros). Oficialmente não é isso que se passa e o pedido de encerramento é da iniciativa da Mitel alegando falta de rentabilidade, custos com expropriações e enfraquecimento progressivo da mineralização de profundidade …
Em Julho de 1965 a Mitel – Minas de Terramonte, L.da (uma sociedade por quotas com capital social igualmente repartido por quatro empresas Placer Development, L.td, Compagnie Royale Asturienne des Mines; Noranda Mines, L.td e Vernon F. Taylor Jr.) pediu a demarcação do Couto Mineiro de Terramonte, que abrangia 7 concessões, Serra de Montalto, Terramonte, Ribeiro da Lomba, Ribeiro da Castanheira, Gardunha, Serradelo e Ourais,  uma área de 350 hectares,  e iniciou a laboração no ano seguinte.
Terramonte foi considerada uma das mais importantes minas europeias de extracção de Pb, Zn e Ag entre 1966 e 1972. O filão de Terramonte, de 1 a 12 metros, era constituído por galena e blenda argentíferas, jamesonite,bournite, pirargirite, tetraedrite, marcassite, argentite, arsenopirite, pirite, polibasite,miargirite e calcopirite. Estimaram-se reservas totais de 427 000t com 4,16% de Pb; 3,35% de Zn e 224g/t de Ag.
O grupo MITEL – Minas de Terramonte, Lda., dotou as minas de Terramonte de elevados recursos técnicos e financeiros e aí instalou tecnologia de ponta, tornando-as das mais modernas e bem equipadas minas portuguesas. As instalações tinham capacidade para extrair 350 toneladas de minério por dia, trabalhando dois turnos de 6horas .
A lavaria de flutuação tinha capacidade para tratar 10 toneladas de minério por hora permitindo o tratamento anual de 75 000 toneladas de miério com 3.200 t de concentrado de galena com 70% de Pb e 3.300g/t de Ag e 3.200t de concentrados de blenda com 50%  de Zn e 800g/t de Ag.
A energia eléctrica, necessária às instalações mineiras, era fornecida pela Sociedade Eléctrica Duriense e o ar comprimido era fornecido por uma central construída nas imediações do poço de extracção, com dois compressores, existindo um de reserva. (Eram necessários 800m3 de água por dia para o funcionamento das instalações e as águas da lavaria eram parcialmente reaproveitadas, à razão 500m3/dia; o restante volume de água era proveniente da Ribeira de Castanheira durante a estação das chuvas e da estação de bombagem construída no Rio Douro pela empresa concessionária.  A MITEL. construiu ainda uma via de acesso devidamente asfaltada, numa extensão de 2600m, ligando a mina à Estrada Nacional 222. Foram construídos, preparados e equipados diversos edifícios de apoio à actividade extractiva junto ao poço de extracção: um destinado aos escritórios, armazém e vestiário com balneário para os trabalhadores, um laboratório de análises e preparação de amostras e as oficinas. A equipa de trabalho era constituída por dois engenheiros, dois técnicos e 200 operários.
Nesta exploração não encontramos a politica de responsabilidade social adoptada pela ECD, mas também a sua vida foi efémera.
A grande variedade de minerais, e sua riqueza, pode muito bem despertar novos interesses e futuras concessões e se é certo que pode constituir um polo não desprezivel de emprego - tão necessário nos dias de hoje - , e de que se tem vindo a falar à boca pequena; bom será que haja o cuidado de prevenir e garantir medidas que possam minorar os impactes negativos no habitat. Ainda hoje, passados 40 anos do encerramento, estão bem visiveis alguns dos prejuizos que o desmoronamento e erosão provocados pelos depósitos de inertes.

Há dez anos atrás foram intervencionadas as bacias de deposição de estéreis ou barragens que sofrem processos erosivos  e que conduziu ao problema  de degradação ambiental  - então falado – que atingiu não só da zona envolvente, como do próprio rio Douro, já que esta zona mineira se localiza num afluente deste rio.

Bibliografia consultada: 

"Carta Geológica de Portugal"– Notícia explicativa da folha 13-  B, Castelo de Paiva;
"Contaminação e Toxicologia Ambientais" de Aurélie Pinto Rodrigues;
"Couto" 1993;
"Elementos para a História de Castelo de Paiva" de Margarida Rosa Moreira de Pinho;
"Estudos Notas e Trabalhos do Serviço do Fomento Mineiro" Vol XVI – F






terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Natal: ofereça livros (de autores paivenses)!


                                  À venda no Intermarché, Tabacaria Mil e na ADEP