sexta-feira, 20 de junho de 2025

O Parque e os ciclistas da GR60MM

Cerca de meia centena de ciclistas amadores, organizados em evento do Clube de Ciclismo Travessia de Algueirão, fizeram hoje uma meta volante e paragem de descanso, no Parque das Tílias, intercalar dos destinos de Arouca e Cinfães, no circuito da GR60MM (Grande Rota 60 das Montanhas Mágicas).

A frescura e o sossego do Parque, especialmente nesta época do ano constituem um incentivo para aos participantes. Há anos que defendemos apoios direcionados a estas estruturas, que são âncoras imprescindíveis  do circuito referido (GR60MM) e outros como a EN222, EN 108, Rota do Românico, Rota das Origens de Santo António, bem como outros eventos.




quarta-feira, 11 de junho de 2025

SAI JUNO, RESSURGE JUNHO COM SANTOS CRISTÃOS

Santo António no Mosteiro de Santa Maria de Vila Boa do Bispo (Foto M. Rocha)

SAI JUNO, RESSURGE JUNHO COM SANTOS CRISTÃOS

 

-  Horácio Paiva *

 

Há tempos, há quase dois mil anos, Juno  -  rainha dos deuses greco-romanos, esposa de Júpiter  -  deixou vago o seu mês, Junius (cujo nome a homenageia), aos novos santos cristãos que aportariam no que fora o antigo e poderoso Império Romano (que lhe dedicou veneração por séculos).  

 

Em Roma, sede do Império, seriam perseguidos e vieram a morrer Pedro, crucificado (mas de cabeça para baixo, a seu pedido, porque dizia não ser digno de morrer do mesmo jeito do seu mestre, Jesus), e Paulo, decapitado (forma de execução destinada a cidadãos romanos, título que detinha); João, o anunciador do Cristo, fora, antes, martirizado em Macheronte (Maqueronte, fortaleza e palácio de Herodes Antipas, tetrarca da Galileia, na atual Jordânia). Antônio chegaria depois, séculos depois, mas então simplesmente à Itália, quando ali já não havia o imenso Império que abrangia outrora quase todo o mundo ocidental e parte do oriental, inclusive as terras de nascimento desses nossos santos cristãos, e morreria em Pádua.

 

No calendário hagiológico da Igreja Católica, as datas de celebração são definidas em função do falecimento dos santos titulares. Assim, na ordem do mês de Junho, Antônio, falecido em 13 de junho de 1231, é o primeiro dos santos, seguido por João (dia 24) e, finalmente, por Pedro e Paulo (dia 29).

 

Rica expressão tem, portanto, o mês de Junho na tradição católica. Não apenas pela exuberância de suas comemorações, festas, folguedos e fogos. Mas também, e sobretudo, porque reúne e estampa, coincidência ou não, no espelho desses santos homenageados, o perfil de uma Igreja profética, intelectual e popular, construído através dos séculos e responsável pela sua grandeza.

 

Em junho, temos, portanto: o começo, o cristianismo primitivo que exsurge em Pedro  -  o apóstolo pétreo sobre o qual a Igreja foi erguida; o messianismo profético em João; o aperfeiçoamento doutrinário e o helenismo em Paulo (a ponto de islâmicos nos criticarem dizendo-nos paulinos e não cristãos); a cultura, a história, a consolidação retórica em Antônio.

 

Por outro lado, interessante notar como as tradições mais antigas parecem influenciar a posteridade, mesmo com a mudança de fé e crença religiosa.  Juno, a deusa mitológica que nomeia o mês de Junho (Junius, em latim), era, para os antigos romanos, a deusa protetora do casamento, da maternidade e da família. Mesmas funções atribuídas, sob o Cristianismo, ao nosso Santo Antônio (não obstante advindas de suas qualidades espirituais), cujo mês de devoção também é junho.

 

Por Santo Antônio, além da admiração religiosa e existencial, tenho a curiosidade familiar da ancestralidade, a partir de Portugal e da família Paiva.

 

Santo Antônio, batizado como Fernando Bulhões (sobrenome do pai), era bisneto materno do poeta, trovador, nobre e magistrado João Soares de Paiva, antepassado dos Paivas, primeiro a “pôr no papel”, sob registro, esse sobrenome. Português de nascimento, é também chamado de Santo Antônio de Lisboa, embora universalmente mais conhecido como Santo Antônio de Pádua, Itália, onde exerceu, como franciscano, seu largo, profundo e santo magistério. Santo das famílias! E por isso popularmente identificado como “santo casamenteiro”. Não é à toa, pois, que o Dia dos Namorados é 12 de junho, véspera festiva do Santo. São Francisco falou às aves. Santo Antônio pregou aos peixes.

 

“Vos estis sal terrae” (“Vós sois o sal da terra”), diz o Evangelho. Mas, de Santo Antônio, disse o Padre Vieira que “foi sal da terra e foi sal do mar”. Viva Santo Antônio! Viva a Ordem dos Frades Menores, a Ordo Fratrum Minorum! Viva São Francisco!

 

Nesse meu poema, cito os dois amigos e irmãos da mesma Ordem religiosa, a Ordem dos Frades Menores, e que, segundo a tradição, falavam com os peixes e com os pássaros:

 

 

DEUS NÃO ESTÁ FORA

 

Deus não está fora

não saiu a passeio

 

A linguagem de Deus se espalha

 

Há quem fale com os pássaros

e com os peixes

como Francisco e Antônio

 

Há quem fale com as pedras

e mesmo com o deserto

mas isto só os iluminados

como os velhos eremitas

 

E no pão consagrado

Deus está presente

 

À porta de sua casa

 

 

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(*) Horácio de Paiva Oliveira  -  Poeta, escritor, advogado, membro do Instituto Histórico e Geográfico do RN, da União Brasileira de Escritores do RN e presidente da Academia Macauense de Letras e Artes – AMLA.

terça-feira, 10 de junho de 2025

10 de junho, Portugal, a sua língua, seus poetas!

Cantemos pois aos 10 de Junho! Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, é uma data profundamente simbólica, celebrando a identidade, a história e a cultura portuguesa.

reunimos um conjunto de poemas:

Excerto de "Os Lusíadas", Canto I – Luís de Camões

"Entre as espadas e os rios navegamos,
Por mares nunca de antes navegados,
Passamos por perigos mil e mil enganos,
Mas nunca nos dobraram os fados.

Cantando espalharei por toda a parte
Se a tanto me ajudar o engenho e arte."

"Mensagem" (excerto) – Fernando Pessoa

O Mostrengo (do poema "O Mostrengo", Mensagem)

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tetos negros do fim do mundo?»

E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,
*«Quem vem poder o que só eu posso?
*Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»

"Mar Português" – Fernando Pessoa

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

"Portugal" – Miguel Torga

Ser português é ser triste e trágico.
É viver entre a esperança e a saudade.
É olhar o mundo com olhos de Atlântico,
E sonhar com uma pátria onde cabemos todos.

Portugal é o rosto voltado para o poente,
Com os pés fincados na miséria da terra.
É um país que morre todos os dias,
E todos os dias renasce com o mesmo nome.

"Este é o rosto da pátria" – Sophia de Mello Breyner Andresen

Este é o rosto da pátria:
O rosto de um país de navegadores
Feito de mar e de esperança.
De um país de poetas
Feito de palavras e silêncio.
De um país de heróis anónimos
Feito de resistência e de memória.

Este é o rosto da pátria:
O rosto da casa onde nascemos
E do mar que nos chama.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Velharias e Santo António !



No Parque das Tílias, domingo, haverá velharias e oportunidade para lembrar Santo António, que além de ser o nosso padroeiro deste evento, tem nesta terra as suas origens!
https://adep-paiva.blogspot.com/2019/07/a-rota-pedestre-de-santo-antonio-e-ja.html
 

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Video da visita à Central Térmica Tapada do Outeiro!

https://youtu.be/h35K5bBy188

Aconteceu a  9 de maio o anunciado Intercâmbio cultural (Universidade Sénior Melres e Medas/Gondomar e Coro Mineiros do Pejão, Arcaf de Folgoso Adep Paiva e Grupo de Dinamização e Cultura de Pedorido) com visita à Central Térmica Tapada do Outeiro, que retribuiu a visita efetuada por aquela Universidade ao Couto Mineiro em outubro do ano passado. Visita guiada onde nos foi explicada a importância desta infraestrutura no sucesso da operação de restabelecimento da energia elétrica no recente apagão e do seu historial como anterior central de queima de carvão do Pejão e São Pedro da Cova, que aí chegava, via teleférico.

video de Adélio Moreira


sexta-feira, 23 de maio de 2025

E o sobreiro deu Amoras!

Este local é mais um ponto de referência de um itinerário associado ao vale do Arda ( do sul para norte / de Arouca para Paiva), que Adriano Strecht de Vasconcelos, situa já ao tempo do Conde D. Henrique, narrando o episódio lendário da conversão, ao cristianismo, do Rei Mouro de Lamego, e sua família, após a derrota que sofreu no monte e no vale de Santa Eulália. https://www.facebook.com/museumunicipaldearouca/posts/1164829855434052?comment_id=2283974425337824&locale=pt_BR
A Lenda do Milagre do Sobreiro. Nas montanhas e vales do Douro, onde o nevoeiro se ergue como véu dos segredos antigos, viveu Echa Martim, rei mouro de Lamego, altivo e senhor de si, guerreiro de vasto domínio. Conduzido pela espada e pela honra dos seus, encontrou o seu declínio não na morte, mas na transformação. Derrotado em Arouca por D. Henrique de Borgonha e seu fiel vassalo Egas Moniz, Echa Martim não tombou em sangue, mas dobrou o joelho com dignidade. Reconhecendo o valor do inimigo, e movido por uma fé que começava a sussurrar-lhe ao espírito, aceitou tornar-se tributário dos cristãos, mantendo sua honra intacta. Mas o destino, sempre inquieto, não cessava ali sua obra. Na viagem de regresso, atravessando as terras de Paiva e da Raiva, Echa Martim, acompanhado da esposa Ansora e da filha Zara, foi tocado pela mensagem da cruz. O guerreiro mouro e sua família abandonam o Islão e convertem-se ao cristianismo, em pleno coração da serra, num gesto que selou a reconciliação entre dois mundos. O Grito de Zara e o Milagre do Sobreiro. Mas a paz não viria sem justiça. Zara, moça de alma luminosa, carregava em silêncio uma dor negra: fora forçada por D. Nuno de Mansores, senhor feudal cruel, alma de pedra, que mesmo servindo ao Conde, era inimigo da luz. No momento da conversão, Zara não silencia mais — acusa publicamente seu agressor, perante o próprio D. Henrique. D. Nuno, arrogante, duvida da acusação. Mas, num gesto ousado, propõe uma prova: “Se o sobreiro der amoras, estarei culpado. Se não, será minha escrava.” A natureza, instrumento do divino, responde. No momento da missa, o sobreiro floresce frutos de amora, como nunca antes visto. O milagre consagra a verdade. D. Nuno, humilhado e redimido, aceita casar com Zara — não por obrigação, mas por penitência e honra. A justiça de D. Henrique, justa e temperada com clemência, sela o destino: o Couto da Raiva é doado como dote a Zara, e ali se ergue um templo consagrado à Senhora das Amoras, sinal da fé nova que nasceu do sofrimento e da redenção. Echa Martim, já cristão, regressa com Ansora a Lamego, não mais como rei mouro, mas como cristão reconciliado com o destino — um homem que perdeu um trono, mas ganhou uma alma. Esta versão da lenda, ao contrário do heroísmo clássico e do castigo final do mouro vencido, apresenta um drama moral e espiritual profundo. Echa Martim não é o inimigo, mas o convertido. Zara não é apenas vítima, mas símbolo da justiça restauradora. D. Nuno, o vilão, é exposto, mas não destruído — é transformado pela intervenção divina. Essa narrativa revela uma faceta singular da tradição portuguesa: a fusão entre cavalheirismo, justiça divina, e a ideia de reconciliação. Também mostra o papel da mulher como portadora da verdade, e da natureza como testemunha do sagrado.
Martinho Rocha reuniu e escreveu sobre os vários contributos.

domingo, 18 de maio de 2025

Reconhecimento do Núcleo de Museus da ADEP pela CCDR-NORTE

A ADEP – Associação de Estudo e Defesa do Património Histórico-Cultural de Castelo de Paiva congratula-se com a integração do seu Núcleo de Museus na Rede Regional de Museus de Território, promovida pela CCDR-NORTE, no quadro do Plano de Ação Regional para a Cultura NORTE 2030. Este reconhecimento, atribuído em março de 2025, valoriza o esforço de preservação e divulgação do património local e insere-se numa estratégia que visa potenciar a qualificação dos espaços museológicos com relevância territorial. Neste Dia Internacional dos Museus, saudamos este importante passo e apelamos à colaboração ativa de todos os agentes culturais e parceiros regionais, para a concretização de uma política cultural integrada e sustentável. #Cultura #Museus #ADEP #Património #CasteloDePaiva #MuseusdeTerritório #NORTE2030





escreveu Martinho Rocha