quinta-feira, 30 de março de 2017
domingo, 19 de março de 2017
Primeiros textos em Língua Portuguesa atribuídos a senhores da terra de Paiva!
Brazão com a cruz abolotada dos Bulhões (no portal da Serrada)
Primeiros
textos em Língua Portuguesa atribuídos a senhores da terra de Paiva ascendentes
de Santo António
D. Soeiro
Pais de Paiva, também conhecido por D. Soeiro Mouro de Paiva ou apenas por D.
Soeiro Mouro, (bisneto de D. Trocozendo Guedes, fundador do Mosteiro de Paço de
Sousa), foi casado com D. Urraca Mendes (de Bragança), depois de esta ter enviuvado
de D. Diogo Gonçalves de Urrô (ou de Cete).
Deste
casamento resultaram os filhos:
João
Soares de Paiva, D. Cristina Soares e Payo Soares Romeu.
“Dona Goda Soares houve três filhos e duas
filhas de Dom Paio Romeu (ou
Paio Pires de Paiva): e
um filho de nome Martim (S)aído?, e não houve filhos; e outro houve nome Pero
Galego, e não houve filhos; e outro houve nome dom Soeiro Mo(u)ro de Pa(v)ha, e
foi casado com dona Orraca Mendes (…)
Dom Soeiro Mouro houve dois filhos e uma
filha: e um filho houve nome João Soares de Pa(v)ha…outro filho houve nome Pai
Romeu, o pequeno (Payo
Soares Romeu)….e a
filha houve nome Cristina Soares (Livro
velho de Linhagens 2F8, PIEL e Mattoso 1980 (I):55-56.”
“Dona Orraca Mendez havia de dom Diogo
Gonçalves peça de filhos… e quando soube que seu marido fora morto na batalha
que el rei D. Afonso, o primeiro rei de Portugal, houve com os Mouros no campo
d’Ourique, nom leixou porém de casar com dom Soeiro Mouro. Este dom Soeiro Paez
Mouro foi casado com Orraca Mendez de Bragança (….) e fez em ela Joham Soarez,
o Trobador, e Paai Soarez Romeu, o prestimoneiro, e Cristina Soarez ( Livro de
Linhagens do Conde D. Pedro 42W5; PIEL e Mattoso 1980 (II/I): 487 – 488)”.
João
Soares de Paiva casou com D. Maria Annes e deste casamento resultou Thereza
Anes, além de outros.
Esta
Thereza Anes era portanto sobrinha de Payo Soares Romeu e de Cristina Soares.
De
uma relação, ao que parece,
extra-conjugal de Payo Soares Romeu com Thereza Anes, sua sobrinha, nasceu Teresa Taveira ou d’Azevedo, mãe de
Santo António, conforme registo na árvore genealógica da Casa da Boavista,
em Castelo de Paiva.
Teresa
Taveira também aparece em alguns documentos como Maria Teresa Taveira.
Os
pais de Teresa Taveira foram assim: Payo Soares Romeu e Thereza Anes, facto que
contradiz a descrição inserta a pág. 66 do livro de Guido de Monterey Castelo de Paiva terras ao léu, que aponta como
tradição histórica ser Teresa Taveira filha do casal Payo Soares Romeu e de D.
Sancha de Portocarrero, descrição que surge certamente, por transcrição de
elementos de recolha produzidos com base em análise menos profunda de registos
genealógicos medievais, os quais nem sempre se consideraram perfeitamente
conciliatórias.
Tendo
Santo António de Lisboa (Fernão de Bulhões) por mãe Teresa Taveira, Payo Soares
Romeu surge aqui como seu avô. Por outro lado sendo Thereza Anes sua avó, o pai
desta, João Soares de Paiva, irmão de Payo Soares Romeu, foi bisavô de Santo
António. E neste alinhamento D. Soeiro Pais de Paiva e D. Urraca Mendes também
foram seus bisavôs pelo lado do pai de Teresa Taveira (Payo Soares Romeu) e
trisavós pelo lado da mãe de Teresa Taveira (Thereza Anes).
Esta
família viveu muito chegada ao primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques: O
irmão de D. Urraca Mendes de Bragança, Fernão Mendes, senhor de Bragança, casou
com D. Sancha Henriques, então viúva de D. Rui (ou Rodrigo) Gonçalves Pereira.
Logo, D. Urraca Mendes de Bragança foi cunhada de D. Sancha Henriques, irmã de
D. Afonso Henriques, o que quer dizer que as gentes de Paiva ligadas a Santo
António, também estiveram ligadas à fundação de Portugal.
Mas
mais:
Importa
também salientar o facto de João Soares de Paiva e Payo Soares Romeu, também conhecido
por Pelágio Romeu, irmãos, nobres oriundos das terras marginais do rio Paiva, a
sul do rio Douro, estarem reconhecidos como os autores de uma das primeiras e
mais antigas, senão a mais antiga escrita em língua portuguesa, conhecida como:
Notícia
de Fiadores de 1175 [1] de Payo Soares Romeu, e João Soares de Paiva como um trovador
medieval português, o mais antigo autor com obra conservada presente nos
cancioneiros medievais galaico-portugueses, com a mais antiga cantiga
trovadoresca portuguesa, texto satírico da lírica medieval, de 1196, filho de
D. Soeiro Paes, dito Mouro e de D. Urraca Mendes de Bragança[2].
“O aparecimento
da Notícia de Fiadores de 1175 veio confirmar a bondade das observações de Ivo
Castro e Rosa Virgínia Mattos e Silva.
Embora
o sirvantês “Ora faz ost’ o senhor de Navarra” seja um pouco mais tardio que a Notícia de Fiadores, o seu autor, João
Soares de Paiva nasceu presumivelmente na primeira metade do século XII (depois
de 1139, data da batalha de Ourique)[4] e
terá desenvolvido a sua actividade poética durante a segunda metade do século.
Sabe-se que além do referido sirvantês escreveu outras cantigas, provavelmente
de amor, das quais nos chega notícia mas não os respectivos textos (cfr.
Gonçalves e Ramos 1983, Gonçalves 1976, Carlos Alvar 1993).
Sendo
hoje geralmente aceite que a arte poética dos trovadores se constituiu desde
sempre em tradição escrita, circulando não em suporte de oralidade e memória
mas em “folhas” soltas depois reunidas em cancioneiros individuais e em grandes
compilações colectivas, parece não restar qualquer margem para duvidar de que
se escrevia em português na segunda metade do século XII.
Curiosamente,
João Soares de Paiva e Paio Soares de Paiva, dito Mouro, o autor de Notícias de
Fiadores não são só contemporâneos como irmãos, filhos de D. Soeiro Paiz de
Paiva, dito Mouro e de D. Urraca Mendes de Bragança.
NOTÍCIA
DE FIADORES – o
texto dado como o mais antigo na história da língua portuguesa, de Payo Soares
Romeu, senhor da terra de Paiva, avô de Santo António:
Ora
faz ost’ o senhor de Navarra
A
cantiga satírica, dada como trova das mais antigas, escrita em galaico-português,
atribuída a João Soares de Paiva, irmão de Payo Soares Romeu, em que, também
ele, João Soares de Paiva, foi senhor em terra de Paiva e bisavô de Santo
António:
Adep
– Castelo de Paiva, 15 de Janeiro de 2017
Mário
Gonçalves Pereira
[1]
- Notícia de Fiadores de Pelágio Romeu(ou Payo Soares Romeu)(1175)-Mosteiro de
S. Cristóvão de Rio Tinto, maço 20, n.º 10 – rosto.
[2]
- In cantigas.fcsh.unl.pt e Ivo Castro 2001.
[3] -In books.google.pt pag.40
[4]
- Obs: João Soares de Paiva nasceu do segundo casamento de Urraca Mendes,
certamente pouco depois do seu primeiro marido ter morrido na batalha de
Ourique, 1139, e foi bisavô de Santo António que nasceu em 1195, pelo que
aquela data do pós 1139 é perfeitamente aceite.
Atafona do Linho em Castelo de Paiva: na ADEP - Parque das Tílias: dias 5 e 8 de Abril, dias dos moinhos abertos!
Este ano, com vem acontecendo há dez, a ADEP vai aderir ao Dia Nacional de Moinhos Abertos.
O programa nacional já tem datas A Casa dos Engenhos "Dr. Justino Strecht Ribeiro" no Parque das Tílias vai estar aberta na quarta -feira dia 5 de tarde e no sábado de manhã para quem pretenda fazer uma visita. O dia 5 é especialmente destinado às Instituições sociais e Escolas.
Nota de Imprensa
Dia Nacional
dos Moinhos – MOINHOS ABERTOS 2017
Nos dias 8 e 9 de Abril, um fim-de-semana, no
âmbito do Dia Nacional dos Moinhos que se assinala a 7 de Abril, terá lugar pelo
décimo primeiro ano consecutivo o Dia dos Moinhos Abertos de Portugal,
iniciativa organizada pela Rede Portuguesa de Moinhos, com o apoio da TIMS,
Sociedade Internacional de Molinologia.
Registe-se o facto da
adesão a esta iniciativa se encontrar em crescendo de ano para ano, tanto no
número de moinhos aderentes, como do número de visitantes, sendo que nas
últimas edições foram contabilizados mais de um milhar de visitantes nos
moinhos da região de Aveiro.
Como forma de apoio a
esta iniciativa e assim potenciar a adesão dos visitantes a este moinho do
vosso concelho, solicita-se a colaboração dos serviços dessa autarquia na
divulgação da mesma pelos canais próprios. O nosso agradecimento desde já por
essa disponibilidade.
Para mais informações
sobre esta iniciativa na região de Aveiro contactar através do telefone
960045054 ou do correio electrónico moinhosdeportugal@gmail.com.
Programa detalhado a
nível nacional brevemente disponível em www.moinhosdeportugal.org.
Armando Carvalho Ferreira
Rede Portuguesa de Moinhos
sexta-feira, 10 de março de 2017
CONTAS E RELATÓRIO DAS ACTIVIDADES DE 2016 APROVADOS
A Direcção da ADEP aprovou recentemente as contas e
relatório das actividades em 2016, documentos que vão ainda ser presentes à
próxima Assembleia Geral, para serem discutidos e votados.
De realçar que das actividades desenvolvidas, dirigidas quer
aos associados, quer ao público em geral, sempre tiveram este ano como vem
acontecendo já de tradição, o acesso livre e gratuito e deram oportunidade e/ou
tiveram mesmo a participação cívica de vários milhares de aderentes como
podemos confirmar.
A Feira do século XIX e a presença nas redes sociais são respectivamente
nas vertentes presencial e virtual as duas grandes realizações a contar
milhares de participantes, tendo o blogue adep-paiva.blogspot.com atingido este ano o número de 100 000 visualizações!
Por sua vez a aposta na divulgação do património como a visita às antigas Minas
do Pejão e sinalização de algumas delas, caminhada do Dia Nacional dos Moínhos,
bem como pelo património associado à família de Santo António, esta a merecer a
visita de Frei Severino, da Ordem dos Franciscanos, são as iniciativas que conjuntamente com a
realização da 19.ª Feira do século XIX e a abertura dos espaços de museu e
Parque das Tílias, às quartas-feiras e domingos, as que mais aderentes
presenciais associaram. Já os trabalhos diversos, para dar condições mínimas à
utilização do Parque encaixaram metade do esforço da receita da ADEP em 2016.
Iniciou-se com a
edição do calendário anual para 2017 a acção de divulgação do nosso
património de itinerários de Fátima e
Santiago de Compostela, que arrecadou já apoios de particulares e do Município
e estará concluída no primeiro trimestre de 2017.
domingo, 5 de março de 2017
“O Cromeleque da Cerca” (S. Martinho, Castelo de Paiva) sobranceiro ao Sardoura a meio caminho do Douro ?
Não é
assunto que possa dispensar uma análise atenta de Arqueólogo da área do
megalítico, mas não deixa de nos fazer interrogar se estamos perante um imponente Cromeleque
construído numa zona onde abunda o granito e beneficia de uma exposição a
poente, com uma vista panorâmica de grande alcance sobre o vale agrícola do rio
Sardoura e com condições favoráveis –
ainda hoje – para a prática agrícola/pastoril. A grandeza dos monólitos e a sua
disposição é no mínimo muito surpreendente. Este tipo de monumentos geralmente
associado a vestígios de práticas ancestrais da pré-história tem também
confirmada essa evidência considerando o aparecimento – há anos - nas
proximidades de machados de pedra e de bronze. Não podemos esquecer até que nas
imediações das pias dos Mouros (monumento classificado sobre o qual já temos
falado e pode ver-se no tema Monumentos e Arqueologia) existiam ainda há poucos
anos (não sabemos se ainda existem e estarão subterradas) umas outras pias e
pedras afeiçoadas mais rudimentares e
que o povo associa a práticas e rituais pagãos.
Notas:
1 - Das enciclopédias sabemos que o megalitísmo é um fenómeno
cultural que é representado, materialmente, pela utilização de grandes pedras,
em granito ou xisto, quase sempre em bruto ou sumariamente afeiçoadas, com as
quais se construíram, em recuadas épocas pré-históricas, determinado tipo de
monumentos, tais como menires, cromeleques, alinhamentos, cistas e antas (ou dólmenes).
2 - Portugal é um dos países
europeus mais ricos em património megalítico: dólmenes ou antas, cromeleques,
menires alinhamentos, de diversas formas e dimensões, estão espalhados na nossa
paisagem de norte a sul.
3 - Em Paiva estão identificadas mais de quatro dezenas
de mamoas (trabalho de localização e reconhecimento em que a ADEP se empenhou nos anos 80 com jovens autores da Carta Arqueológica), sendo certo que nas suas imediações e em
lugares como Serradêlo, Sabariz, Touriz, Vale e Sequeirô, entre outros, não
será difícil descobrir portais e vergas que terão vindo destas construções
pré-históricas!
4 - Antas, mamoas e
cromeleques são estruturas monumentais que representam aspectos da vida do
Neolítico (sistemas de calendário, templos de adoração, locais funerários, etc.)
e muitas sofreram transformações quando adaptados ao culto cristão e mesmo para
outros usos do quotidiano profano.
5 – Para a UNESCO
são designados sítios as obras do homem ou obras conjugadas do homem e da
natureza, bem como áreas, que incluem os sítios arqueológicos, de valor
universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou
antropológico as formações geológicas e fisiográficas e as zonas estritamente
delimitadas que constituam habitat de espécies animais e vegetais ameaçadas, de
valor universal excepcional do ponto de vista estético ou científico (UNESCO.
Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural, 1972).
escreveu Martinho Rocha
Etiquetas:
Cromeleque da Cerca,
Monumentos e Arqueologia
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