domingo, 1 de julho de 2012

Domingo na Feira haverá pão e vinho. Também, rojões, rabanadas, papas e pataniscas !

O tinto é o tinto, mas o vinho branco de Paiva feito de bica aberta era já um dos tributos do Foral em 1513!

                                       


Vinho, linho e azeite não sendo tudo é do mais emblemático que produzimos de longa data.  Alguns deles constam do Foral. Contam-se quinhentos anos com avanços e recuos. Assim se foi fazendo a evolução para a realidade dos dias de hoje. Nos anos sessenta (do séc. passado) com a emigração e a mecanização; nos anos oitenta com a industrialização e a politica da CEE...Sobre a paixão, o desencanto e rotina dos processos; sobre os sabores; sobre as vidas nos momentos altos e baixos muito teriamos que conversar...



recortamos excertos de uma brochura "Os moinhos e lagares da nossa memória", publicada já há mais de dez anos a propósito dos engenhos e lagares que recuperamos e instalamos no Parque das Tílias - "Museu Etnográfico", espaço Casa dos Engenhos, Dr. Justino Strecht Ribeiro.



A terra de Paiva tal como a generalidade das terras do interior tinha na agricultura a sua atividade principal. Os cereais (milho miúdo, centeio, trigo e cevada) e a vinha ocupavam  por certo a maior parte do tempo de trabalho das pessoas.
A qualidade e o prestígio do nosso vinho,  há-de ter raízes na nossa ancestral mestria de o saber fazer. O vinho branco feito de bica aberta era já um dos foros do Foral concedido à terra de Paiva.
As estrigas de linho, o mel, a cera, a manteiga, o pão terçado e meado,  eram produtos que necessitavam de outros saberes e trabalhos, ainda assim a necessitar de pouca “industrialização” . As nozes e as azeitonas são frutos presentes no Foral. Não se pagava por exemplo com azeite, ainda que o concelho tenha hoje testemunhos de uma forte presença dessa cultura nos últimos séculos. A pecuária, assim como os ovinos, caprinos, bem como os porcos e a aves de capoeira também são referenciados. Não eram ainda conhecidos a batata e o feijão, porque terão sido introduzidos mais tarde, com as descobertas.
Há 500 anos, acabávamos de descobrir o Brasil, e já nesta terra eramos uma sociedade com organização desorganizada. Isto é, com o Foral pretendeu-se pôr ordem nos foros e tributos que se pagavam na terra de Paiva. Atualizaram-se os direitos dando-se-lhe um suporte legal que até então não existia, por causa das falsificações, interpretações erradas e ainda os abusos e pressões dos alcaides, senhorios, ordens religiosas, igrejas, etc.
Num território que incluía a freguesia da Espiunca e deixava de fora a de Bairros, o vinho, branco e vermelho, era um dos foros que, a par do milho, do trigo e do dinheiro, se pagava em maiores quantidades. Segundo Francisco Ribeiro da Silva pagavam-se no total cerca de 250 alqueires de trigo, 300 de milho e 12$752,5 reais em dinheiro.
O Foral fixou também os encargos com o trânsito comercial dos mais variados produtos, fossem eles transportados em besta cavalar, muar, carro ou carreta. Também as barcas de passagem e as que transportavam o vinho vindo do Douro assim como a ocupação dos maninhos e as pescarias da lampreia e do sável nos sítios de Boure, Midões e Pedorido, são matéria, como a Lei Penal, objeto de regulamentação.























escreveu Martinho Rocha

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