Em 2013 noticiou-se o 50.º aniversário da primeira expedição científica às ilhas, realizada pelo ornitólogo de origem inglesa Paul Alexander Zino e que conduziu ao estabelecimento nas Selvagens da mais antiga reserva natural do país (1971). Porém um vulto paivense das letras e das ciências, António da Costa Paiva (Barão de Castelo de Paiva) desenvolveu atividade de exploração científica nas ilhas da Macaronésia (que inclui os arquipélagos da Açores, Madeira, Canárias, Selvagens e Cabo Verde), onde estudou insetos e moluscos e descobriu novas espécies, na companhia de distintos cientistas como John Edward Gray e Vernon Wollaston. Ficará o trabalho de um paivense ligado à maior ZEE da União Europeia ?
Já em 2013 o Presidente da República visitou este sítio
classificado como Rede Natura 2000, pretendendo naturalmente contribuir com
este gesto para a reafirmação da
soberania daquele território que confere a Portugal a maior Zona Económica
Exclusiva da União Europeia (1,6 milhões de quilómetros quadrados), potenciando além do mais a
dimensão de mais 2,15 milhões de quilómetros da plataforma continental, cuja
jurisdição Lisboa quer ver reconhecida pelas Nações Unidas.
Quem foi António da Costa
Paiva (Barão de Castelo de Paiva) recorte de biografia com base na informação
da FLUP)
António da Costa de Paiva (Barão de Castelo de Paiva)
Médico, botânico, professor e 1.º diretor do Jardim Botânico
Biografia de António da Costa de Paiva (Barão de Castelo de
Paiva, 1806-1879)
António da Costa de Paiva, filho de Manuel José da Nóbrega,
negociante, natural de Castelo de Paiva, e de D. Maria do Carmo da Costa,
nasceu no Porto a 12 de outubro de 1806.
Bacharel em Filosofia e Medicina pela Universidade de
Coimbra e doutor em Medicina pela Universidade de Paris, obteve este último
grau após a defesa de uma tese sobre a tísica pulmonar, elaborada durante o
exílio a que o conduziram os seus ideais liberais. Quando pôde regressar a
Portugal, exerceu clínica privada.
Entre 1834 e 1836 regeu a cadeira de Filosofia Racional e
Moral na Academia Real de Marinha e Comércio da Cidade do Porto. Em 1836 foi
nomeado lente de Agricultura e Botânica nesta Academia por decreto de 20 de
outubro e carta régia de 3 de janeiro de 1837. Neste ano, aquando da reforma da
Academia Real da Marinha e Comércio e criação da Academia Politécnica do Porto,
passou a ser o 1.º lente proprietário da 10.ª cadeira – Botânica, Agricultura,
Metalurgia e Arte de Minas, funções que exerceu entre 1838 e 1858. Por
inerência do cargo, foi nomeado primeiro diretor do Jardim Botânico pelo
decreto de 11 de janeiro e carta régia de 28 de julho de 1838. Assegurou estas
funções entre 1838 e 1855.
Um ataque de tuberculose pulmonar afastou-o da cátedra, recebendo
tratamento na ilha da Madeira, tendo-se mais tarde jubilado com a categoria de
lente por decreto de 31 de dezembro de 1858 e carta régia de 19 de janeiro de
1859.
O restabelecimento do seu estado de saúde possibilitou-lhe
uma intensa atividade de exploração científica nas chamadas ilhas da
Macaronésia, sobretudo nos arquipélagos da Madeira, Canárias e Cabo Verde, onde
estudou insetos e moluscos e descobriu novas espécies, na companhia de
distintos cientistas como John Edward Gray e Vernon Wollaston. As coleções que
reuniu foram posteriormente estudadas por Bernardino António Gomes e Barbosa du
Bocage.
Escreveu sobretudo trabalhos de caráter científico. Foi
autor de obras como "Aphorismos de medicina e cirurgia práticas"
(1837), "Relatório do Barão de Castello de Paiva, encarregado pelo governo
de estudar o estado da Ilha da Madeira, sob as relações agrícolas e
económicas" (1853), "Descripção de duas espécies novas de coleópteros
das Ilhas Canárias" (1861), "Novíssimos ou últimos Fins do
Homem" (1866), depois de se converter ao cristianismo em 1851, e
"Biographia" (1877).
Iniciou a publicação de obras literárias com a tradução
comentada dos romances de Voltaire. Em 1837 editou a "Crónica d'El-Rei D.
Sebastião", de Frei Bernardo da Cruz, juntamente com Alexandre Herculano
(1810-1877) e o "Roteiro da Viagem de Vasco da Gama" atribuído a
Álvaro Velho, com Diogo Kopke (1805-1875); numa segunda edição, em 1860, com
Alexandre Herculano.
A propósito da sua obra escrita, disse Camilo Castelo
Branco: "A forma, o dizer, é de tão bom quilate portuguez, que apenas
podereis estremar a vernaculidade do auctor dos Soliloquios d'entre as paginas
lusitaníssimas do auctor dos Novissimos, que tanto hombro se eleva como o
oratoriano (P. Manuel Bernardes), de quem temos um devoto livro idêntico na
tenção e no título."
Júlio Dinis referiu-se ao Barão de Castelo de Paiva na sua
obra "Os Fidalgos da Casa Mourisca", a propósito de um animado
diálogo sobre Frenologia, Metafísica e Filosofia que ele terá mantido com um
alemão, administrador da Casa de Orneias, na Madeira.
No decurso da sua carreira, António da Costa de Paiva foi
distinguido com diversos títulos e cargos honoríficos. O grau de Cavaleiro da
Ordem de Cristo e da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa foi-lhe
atribuído em 1836 e o título nobiliárquico de Barão de Castelo de Paiva em
1854.
António da Costa de Paiva foi membro de academias e
sociedades científicas, nacionais e estrangeiras, como a Academia Real das
Ciências de Lisboa (sócio efetivo), a Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa,
a Sociedade Zoológica de Londres, a Sociedade de História Natural de Cassel, a
Sociedade das Ciências Naturais de Estrasburgo, as sociedades botânicas de
França e Edimburgo, a Real Academia Imperial do Rio de Janeiro, a Academia de
Medicina e Cirurgia de Toulouse (sócio correspondente) e a Academia de Medicina
de Montpellier (sócio correspondente). Foi vogal extraordinário do Conselho
Geral de Instrução Pública, até à extinção deste em 1868.
Legou parte da sua fortuna a hospitais, instituições de
caridade e a associações científicas e culturais e estabelecimentos de ensino.
Ofereceu à Academia Real das Ciências de Lisboa o seu herbário da Madeira,
composto por 600 espécies, e uma coleção botânica de 372 espécies, recolhida
nas ilhas das Canárias. Ofereceu ao Museu dos Jardins Botânicos Reais de Kew,
em Inglaterra, um herbário com plantas indígenas de Portugal e dos Açores. À
Academia Politécnica do Porto doou uma inscrição de assentamento da Dívida
Pública Portuguesa no valor de 1 000$00 reis, em benefício do Jardim Botânico.
Em 1879 deixou 1 conto de reis à Academia Portuense de Belas Artes para a
criação de um prémio a atribuir ao melhor quadro de temática bíblica presente
na exposição trienal daquela Academia. Instituiu um legado – o Legado do Barão
de Castelo de Paiva - na Escola Médico-Cirúrgica do Porto: "Pertence, por
minha morte, a propriedade d'esta inscripção á Escola Medico-Cirurgica da
cidade do Porto para servir de premio o seu juro anual ao alumno da mesma Escola
que mais destreza mostrar nas operações cirúrgicas, ou nas dissecações
anatomicas do corpo humano; reservando para mim o direito de receber o juro
enquanto eu vivo fôr. Funchal, 22 d'outubro de 1874". (Annuario da Escola
Medico-Cirurgica do Porto : Anno lectivo de 1906-1907, p.143)
Faleceu na ilha da Madeira a 4 de junho de 1879.
Universidade Digital / Gestão de Informação, 2012. Revisão
científica de Jorge Fernandes Alves (FLUP)
P.S.
Recentemente tivemos a grata noticia da criação pelo Museu de Ilhavo do Prémio Octávio Lixa Filgueiras. Orgulha-nos que mais um paivense - outro expoente do saber e da nossa cultura - premeie o mérito e sirva de exemplo para alunos e investigadores aplicados e apaixonados pelo progresso da ciência e da arte.
Desejamos a este prémio a perenidade da do homónimo Barão que vigora desde o séc. XIX e que premiou figuras ilustres como por exemplo Isolino Vaz, artista e professor gaiense que como o Arquitecto Filgueiras - foram ambos colaboradores da Revista "O Pejão".

escreveu Martinho Rocha
P.S.
Recentemente tivemos a grata noticia da criação pelo Museu de Ilhavo do Prémio Octávio Lixa Filgueiras. Orgulha-nos que mais um paivense - outro expoente do saber e da nossa cultura - premeie o mérito e sirva de exemplo para alunos e investigadores aplicados e apaixonados pelo progresso da ciência e da arte.
Desejamos a este prémio a perenidade da do homónimo Barão que vigora desde o séc. XIX e que premiou figuras ilustres como por exemplo Isolino Vaz, artista e professor gaiense que como o Arquitecto Filgueiras - foram ambos colaboradores da Revista "O Pejão".

escreveu Martinho Rocha
Sem comentários:
Enviar um comentário