domingo, 25 de fevereiro de 2018

O fogo extingue, a inteligência acrescenta valor!





A apressada e abundante legislação criada e revista no pós incêndios de 2017, está a causar stress e alarme social com a imprensa a dar visibilidade às dúvidas e interrogações de estudiosos, investigadores e técnicos da área ambiental temendo-se que o resultado das medidas adoptadas venha a ser mais nefasto que o dos incêndios, para a natureza (aparte, claro, as mortes para as quais não haverá nunca termo de comparação e justificação).
As pessoas passaram a fazer queimadas diariamente, por tudo e por nada, com os resultados nefastos que se conhecem para saúde pública, para a luminosidade solar, para a paisagem verde, para a fauna, para os solos; há organismos da administração pública que estão a usar meios de comunicação cujas competências alguns consideram abusivas para a relação com o cidadão contribuinte.
Não se pretende aqui desconsiderar a necessidade de urgência conjuntural e/ou pontual de limpezas em certos locais, cortes de árvores até, apenas alertar que como diz o ditado popular: nem 8 nem 80! E depois não é apenas neste segmento que há medidas a implementar, fiscalizações a efetuar, consciências para sensibilizar…O território tem de ser objecto de melhor planeamento, seja para construir seja para florestar; também a natureza e as atividades e valores ancestrais de vida e da nossa história colectiva tem de merecer outro respeito!
Os grandes desafios que as sociedades desenvolvidas e esclarecidas tem pela frente, assentam em medidas e processos que com grande consensualismo se pensa serem hoje o único caminho para fazer frente ao aquecimento global o grande responsável pelas alterações climáticas. Impõe –se portanto implementar lógicas de reutilização, reciclagem, diminuindo os lixos, a poluição, encontrando novas forma de energia, mais limpa, racionalizando meios, diminuindo custos, integrando economias circulares.
Também os nossos resíduos florestais devem ser utilizados num circuito que os valorize e integre, para aquecer lareiras, fogões, para compostagem, e se tiverem que ser queimados que seja para produzir energia, não podem é ser queimados a toda a hora, por todos, sem qualquer proveito e com os malefícios que se apontam a tal prática.
E se tais medidas têm custos, como é natural, elas devem ser pagas com os proveitos que advenham na utilização dos novos produtos estes que terão de ser promovidos  logicamente com meios que hoje se calhar estão a ser largamente sorvidos pelo combate aos incêndios. E é aqui que nesta nova ordem para o futuro da floresta e do ambiente que algumas políticas tem de ser alteradas; teremos de colocar a tónica na prevenção e não no combate aos incêndios e na sensibilização de mentalidades. No terreno as atitudes diárias dos cidadãos têm de mudar, como tem de mudar a organização funcional da politica de resíduos e energias. Novas praticas terão de adotar as autarquias, as organizações sanitárias e as de proteção civil.
Desde que se ouviu a noticia do fim da proibição das fogueiras e queimadas, há diariamente uma imensidão de fogueiras e colunas de fumo, cheiro a queimado e ardência no olfacto; por todo o lado onde houver  quinta, quintal, quinteiro e jardim, é vê-las, às centenas. Os políticos esquecem-se de lembrar, nestas leis que as permitem, que, no imediato,  também há outros processos para eliminar detritos: a compostagem por exemplo, e tem menos custos para o ambiente. No verão tivemos a trágica queima dos incêndios, agora assiste-se a esta corrida às queimadas, temos também os fogareiros e fogões no aquecimento a queimar dia e noite...
Da mãe natureza chegam-nos sinais de stress e descontrolo, que se expressam nas recorrentes alterações climáticas com catástrofes imprevisíveis, e nós continuamos a fazer de conta que não se passa nada... ou que mudar comportamentos e atitudes é só para os outros... Ainda não encaixamos que mudar comportamentos é mesmo para todos!


P.S.
Está a circular no Facebook um apelo para que assine esta petição.
É uma questão bom senso, pensamos, com a qual não podemos deixar de estar mais de acordo. Se quiser aceitar, o nosso pedido, assine!


Apoie esta Petição. Assine e divulgue. O seu apoio é muito importante.

Salvar as árvores e a paisagem nacional da razia em curso

Para: Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República,

Na sequência da recente versão que, pelo Decreto-Lei 10/2018 de 14 de Fevereiro, foi dada ao Decreto-Lei 124/2016 de 28 de Junho, que tem por objecto o Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios; atenta a notória desorientação pública gerada pela norma, sobretudo após a versão simplificada feita circular através de correio electrónico pela AT; consideradas as múltiplas críticas manifestadas por vários especialistas e a generalizada reacção negativa da população; salientando-se o grave e desmesurado impacto que as medidas preconizadas ameaçam produzir sobre a paisagem rural e seus ecossistemas, vêm os peticionários junto de V. Ex.a requerer iniciativa parlamentar com vista:
1. À imediata suspensão da vigência do diploma em causa;
2. À promoção de uma campanha pública informativa desta suspensão;
3. À revisão da iniciativa legislativa em termos que permitam salvaguardar, pelo menos, os arbustos, árvores e arvoredos que:
a) formem parte de cursos de água (galerias ripícolas);
b) formem parte de corredores ecológicos;
c) pertençam ao género Quercus, ou a outras espécies de folhosas autóctones;
d) pelo seu porte, enquadramento ou história, revistam particular valor estético, paisagístico ou patrimonial;
e) formem parte de sebes ou delimitações de terrenos;
f) constituam pomares, olivais, soutos, nogais ou amedoais;
g) pertençam a parques, jardins ou alamedas. 

























Martinho Rocha

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