Cruz Templária
três imagens "Desfile Templário / Tomar 2018"
Ara de Vila Verde (Terreiro)
Uma observação mais atenta permite constatar a
especificidade daquele monumento. Trata-se de uma cruz templária gravada numa
cabeceira de sepultura que se encontra a
servir de verga na porta lateral da antiga Igreja de S. Martinho de Sardoura.
Este curioso motivo sendo representativo da emblemática
Ordem dos Templários (nota 1), vem
confirmar que o território desta freguesia se centra na malha dos diversos
destinos antiquíssimos e vias medievais que indo para Braga e Santiago de
Compostela, fundaram comunidades e deixaram marcas bem vincadas em alguns dos
nossos caminhos que serpenteiam os montes e vales, na busca dos melhores e mais seguros locais: de
passagem , com provisão de água,
com serviços de estalagem; de atravessamento dos rios, etc.
É de veras muito interessante que S. Martinho de Sardoura ,
onde no lugar do Terreiro, tivemos a sorte de localizar uma ara pré-cristã, dedicada
a divindade tutelar Laribus Ceceaicis, testemunho incontornável de adoração
pagã, da era romana, da primeira metade do sec. I, (nota 2 –I) - seja ainda esta freguesia que nos apresenta uma cruz
templária, que é um evidente testemunho a assinalar o fervor religioso cristão cultivado
pelos naturais destes territórios que com certeza ajudaram a engrossar as cruzadas, contra os turcos, para protecção
dos peregrinos à Terra Santa (nota 2
-II).
E se a geografia situa o nosso território (nota 3) nos trilhos e caminhos que fazem ligação a
locais, de grande destaque como: Braga,
Guimarães, Santiago de Compostela, Viseu, Coimbra, Lisboa, Guarda, Évora, Salamanca,
Mérida, Sevilha, Córdova, Málaga, Granada, e temos comprovados sinais de que
foram senhores destas nossas terras, ascendentes e/ou descendentes, de distintos antepassados coevos dos nossos
primeiros monarcas, alguns que se sabe integraram essas ordens, natural é que
também pontualmente vão surgindo sinais de homenagem ao seu passamento, como
acontece agora com esta cabeceira de sepultura dedicada a um templário.
1 – I - Templários,
que segundo insuspeitos autores (A.
Herculano, Santa Rosa Viterbo, entre outros) foram influentes e estiveram mesmo
diretamente envolvidos na criação de Portugal enquanto Estado-Nação. II - Há
relatos históricos no sentido de que os templários já por cá andavam (no Condado Portucalense) quando da morte do
Conde de D. Henrique, ainda
que a sua existência, à data em Jerusalém, fosse apenas embrionária; III – Mais
tarde nas Inquirições de 1258 a paróquia de Bairros pertence à Ordem do Hospital, que era quem tinha o
direito de apresentar padre à Igreja de Fornos; IV - I “Após D. Afonso VI casar a sua filha Teresa com o Conde D.
Henrique os templários sempre vieram em seu auxílio, e não deixaram de o fazer
mesmo após a morte do seu filho.” (em 1114) citado em Viterbo. II – “A
aquisição (…) do Castelo de Soure, que lhes foi dado (à Ordem do Templo) pelo
Conde D. Henrique em 1111, prova que estes cavaleiros já tinham prestado alguns
serviços, e que ele estava convicto da sua utilidade” Schaeffer – Histoire de
Portugal pag. 61 ss Portugal Templário; III– Os cavaleiros hospitalários (Ordem
do Hospital) foram o primeiro grupo a
surgir no Condado Portucalense, em 1104, logo à seguir à chegada do Conde D
Henrique da primeira viagem à Terra Santa. Aceita-se que tenham vindo a seu
convite. A sua primeira casa conventual (mosteiro, hospital e outras
dependências) de que há registo (em 1112) é junto ao Rio Leça, próximo de Porto
Cale e da Casa Real de Guimarães. Mas também os cavaleiros do Santo Sepulcro
vem a receber importantes doações privadas (o convento de Alpendurada), e também da viúva D. Teresa como regente. In História
da Militária Ordem de Malta, Figueiredo. IV - O caminho de Santiago que a ADEP
sinalizou no concelho, em 2017, com apoio no uso recente, diverge do seu
traçado original (anterior à construção da ponte Hintze Ribeiro, em Boure no
Douro, ainda assim, qualquer desses percursos entronca no caminho português central,
em direcção a Braga.
2 – I – Terreiro,
Vila Verde, esta Vila é referenciada já nas
Inquirições de 1258; II - Templários
também muito presentes no combate
aos muçulmanos, na defesa e avanço das nossas fronteiras com os nossos
primeiros reis, na fundação da nacionalidade. Em compensação recebem inúmeras
doações de terras vizinhas (Fonte
Arcada, Penafiel; Lourosa, Feira; Canelas, Arouca, etc.), direitos e privilégios,
que lhes são doados pelos monarcas e
particulares.
3 – Edrisi
(historiador árabe) descreve o caminho de Santiago de Compostela a partir de
Coimbra, passando por Nojões.
escreveu Martinho Rocha
2 comentários:
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Martinho Rocha
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