terça-feira, 10 de junho de 2025

10 de junho, Portugal, a sua língua, seus poetas!

Cantemos pois aos 10 de Junho! Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, é uma data profundamente simbólica, celebrando a identidade, a história e a cultura portuguesa.

reunimos um conjunto de poemas:

Excerto de "Os Lusíadas", Canto I – Luís de Camões

"Entre as espadas e os rios navegamos,
Por mares nunca de antes navegados,
Passamos por perigos mil e mil enganos,
Mas nunca nos dobraram os fados.

Cantando espalharei por toda a parte
Se a tanto me ajudar o engenho e arte."

"Mensagem" (excerto) – Fernando Pessoa

O Mostrengo (do poema "O Mostrengo", Mensagem)

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tetos negros do fim do mundo?»

E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,
*«Quem vem poder o que só eu posso?
*Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»

"Mar Português" – Fernando Pessoa

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

"Portugal" – Miguel Torga

Ser português é ser triste e trágico.
É viver entre a esperança e a saudade.
É olhar o mundo com olhos de Atlântico,
E sonhar com uma pátria onde cabemos todos.

Portugal é o rosto voltado para o poente,
Com os pés fincados na miséria da terra.
É um país que morre todos os dias,
E todos os dias renasce com o mesmo nome.

"Este é o rosto da pátria" – Sophia de Mello Breyner Andresen

Este é o rosto da pátria:
O rosto de um país de navegadores
Feito de mar e de esperança.
De um país de poetas
Feito de palavras e silêncio.
De um país de heróis anónimos
Feito de resistência e de memória.

Este é o rosto da pátria:
O rosto da casa onde nascemos
E do mar que nos chama.

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