Temos hoje ainda dispersas pelas nossas freguesias imensas
ruínas e restos de antigas e nobres construções, que não fosse a toponímia
passariam totalmente despercebidas. Noutros casos a falta de conhecimento e a
voragem construtiva das últimas décadas encarregou-se de reconstruir, arrasar e
apagar muitos desses sinais, alguns bem importantes pelo que representam de
vivência passada, que remontam aos primórdios da nacionalidade ou até muito anterior.
Um casal em Picotas aparece referenciado nos Documentos
Medievais como objeto de doação ao Mosteiro de Alpendurada já no ano de 1103. Também
a “Villa de Picotas”, à semelhança do que aconteceu com as “Villa de Fundões e
de Felgueiras” e outras, foram terras doadas por D. Sancho I à Condessa D. Toda Pelazim. Sobre estes locais, sua
dimensão e vida das pessoas, na sua atividade produtiva, nos falam as
Inquirições mandadas fazer pelo Rei D. Afonso III, no ano de 1258, portanto no séc
XIII. Estas vilas, quando doadas pelo rei, passam a propriedades senhoriais e estão por isso isentas do pagamento de
qualquer foro ao rei. Este regime de isenção de foro era uma prerrogativa das
chamadas vilas honradas, como acontecia com outras na mesma freguesia: “Villa
Verde”, por exemplo, ou na freguesia de Sobrado, a ”Villa de Sobrado” e “Villa
de Vegide”. Nalguns casos os senhores da terra tinham jurisdição cível e
criminal (como na Honra de Sobrado), ou apenas a cível, noutros casos estavam, as mesmas jurisdições, subordinadas ao Rei.
Encerram em si estes locais um passado imenso que constitui
uma mais valia do ponto de visto histórico e arqueológico, que a qualquer
momento pode proporcionar revelações e testemunhos que contribuirão, de certeza, para
melhor compreender e valorizar a nossa
história.
E a prova do que dizemos é que falta encontrar uma
explicação sobre qual seria a utilidade de três colunatas oitavadas, ( 0,80 cm
de altura por 0,20 cm X
0,20 cm de largura na parte quadrada), em granito local e
ainda de uma pedra com gravação rebaixada de um par de folhas, paralelas, semelhante às
da cruz patea existente na padieira (da tampa ou cabeceira de sepultura), de uma
das portas da antiga Igreja de S. Martinho, que se encontraram recentemente.
Sabendo nós que estes e outros locais eram habitados em
épocas ainda mais remotas, existindo pelo concelho muitos testemunhos
arqueológicos da época romana, vamos procurar saber do que se trata afinal.
Destas vilas honradas, com existência mais efêmera ou
duradoura, recordamos que as honras de Sobrado
e da Raiva, por exemplo, ainda existiam, como tal, no reinado de D. Manuel,
quando da outorga do Foral à terra de Paiva.
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