Festa das Cruzes
Revitalizar
a tradição é preciso, depois, quem tem horta/jardim ou trata da agricultura,
pode valer a pena !
Tradição que, no concelho, terá sido influenciada pela, ainda hoje muito viva, festa das Cruzes
de Barcelos, terra a que estivemos ligados - por causa da orgânica da Justiça e
senhorios desta terra - desde a idade média (1). Transcrevemos extractos de
notícias:
I
Em 1758, nas Memórias Paroquiais (2), o Padre da Raiva
informava: “ No dia trez de Mayo vem a mesma ermida (do povo e cita fora do
lugar de Oliveira, Nossa Senhora das Amoras) hum clamor das nove freguesias de
que se compõem o conselho de Payva, com as suas cruzes e a camara do mesmo
conselho. Na primeira segunda-feira depois do Domingo do Espirito Santo costuma
ir todos os anos com um clamor a mesma ermida todas as cruzes do Valle e Villa
de Arouca”.
II
“Realiza-se no
próximo dia 3 de Maio, na Senhora das Amoras, freguesia da Raiva a tradicional
festa das Cruzes. O local é muito pitoresco, dizendo-nos que de todas as casas
é obrigatório mandar alguém para salvar os campos das crises cerealíferas e das
epidemias vérmicas. As procissões e os bailes afogentarão a bicharia
destruidora. O concelho cairá ali em pezo. Há corridas de camions. Aos que faltarem, já
se sabe os campos… “ Jornal “ O Defensor” 28 de Abril de 1921.
III
Ainda em 1941 (28 de Abril) o jornal Defesa de Arouca dava
realce à tradição do concelho vizinho: “ No próximo dia 3 de Maio realizar-se-á
a tradicional processão conhecida por “As Cruzes”.
Esta procissão em que se incorporam as cruzes das freguesias
do concelho e grande número de pessoas, durante a qual é cantada a ladainha de
Todos os Santos, sai da capela de S. Caetano, em Serradelo, freguesia da Raiva,
e recolhe à capela da Senhora das Amoras, em Oliveira do Arda, na mesma
freguesia”.
IV
Esta
notoriedade que passa as fronteiras do concelho e que pelos anos 50 a 70
creditava a muito do operariado agrícola, e não só, a alforria de um dia de
folga (para compensar o 1.º de Maio…) teve como tudo os seus altos e baixos. Em
1757 foi necessário o provisor Dr. Manuel de Payva Castro capitular: “Os
paroquianos desta freguesia (da Raiva) são negligentes e remissos em cumprirem
o voto antigo da romaria da Senhora das Amoras, achando-se às vezes o ver.º
pároco com poucas ou nenhumas pessoas que acompanhem a Cruz. Ordeno que este as
possa condenar a cada uma em dois tostões, não indo de cada casa uma pessoa à
dita romaria, os quais aplicará para a fábrica da igreja”.
Biografia:
(1)-“Elementos para a História de
Castelo de Paiva”- (realçamos a 3.ª parte) de Margarida Rosa Moreira de Pinho.
Reedição da ADEP em 1991;
(2) -“Memórias Paroquiais de
Castelo de Paiva” de Manuel Joaquim Moreira da Rocha e Olimpia Maria da Cunha
Loureiro. Ed. Câmara Municipal 1988;
(3)-“Castelo
de Paiva” - Terras ao Léu de Guido de Monterey. Edição do autor 1997;
Foto de M. Rocha (de memória proveniente de Cruz de Alveda, existente no Parque das Tílias).
Estes e outros
documentos podem ser lidos e consultados no espaço Biblioteca Manuel Afonso da
Silva da ADEP, no Parque das Tílias à Frutuária.
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