sábado, 6 de junho de 2015

Também a nora é nosso monumento! A riqueza que por aí existe...


A título de exemplo seleccionamos esta foto obtida em Nojões na última caminhada que realizamos, pelo caminho dos mineiros e para assinalar o 498.º aniversário da entrega do Foral de Payva em Villar de Nojões.



A necessidade e a memória dos homens, dos nossos tempos, tê-los-há inspirado a redescobrir, reinventar as noras - que são engenhos criados pelos antepassados árabes. É uma bela reminiscência, concordam ?
(Nora- ár. na’ûra - É um engenho para tirar água dos poços. Na chamada nora mourisca, o animal trabalha num círculo à volta do engenho, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, fazendo mover duas rodas, na maior das quais estam os alcatruzes de metal ou de barro, estes muito raros).

Vamos no próximo sábado dia 13 percorrer, na Vila e imediações, os locais (de vida dos país) de Santo António e concerteza aí também aparecerão elementos, paisagens, sinais que nos levem a pensar na grandiosidade e no peso da memória do nosso património ...tão mal tratado...

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Neste contexto temos, para desenvolver, o seguinte desafio:

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A riqueza que por aí existe: o nosso monumento !

Não nos damos conta e no entanto ela é infinda: são testemunhos arqueológicos; etnográficos; os geossítios (locais de enorme importância cientifica, didática e turística pelas evidências geológicas que ostentam); as teimosas e diversas formas de vida, seja animal seja vegetal presa a minusculos ecosistemas ainda não poluidos; obras de grande envergadura deixadas por povos que por cá andaram, e pelos nossos antepassados, que asseguraram um modus vivendi extraordinário, que conta a história da sobrevivência de gerações e gerações. Há todo um conjunto imenso de património material e material que conhecemos associados às Minas do Pejão, mas também houve minas em Terramonte, Raiva e Gondarém, e outras ainda mais antigas onde, outros povos, por aqui extrairam valiosos minérios como comprovam recentes estudos em que colaboramos.


Apenas para aumentar a mancha de plantio de eucaliptos e replicar urbanizações, quantas delas sustentadas em enganosa valorização  (que nos levou ao crache que todos tão bem conhecemos...)  vimos frequentemente os buldozers (e até algumas actividades de recreio que poluem e provocam erosão e que usam a capa de "ecológico") a arrasar surda e continuamente inumeros locais de valor arqueológico que são testemunhos dos sinais deixados pelos primeiros povos que que por cá foram passando ou se foram fixando; nos castros - altos dos  nossos montes - onde é imensa a lista  desses testemunhos; o mesmo se diga de locais - nos vales -  quando mais tarde esses povos desceram e fizeram aí, da agricultura,  a base da sua vida e alimentação e são aí visiveis imponentes obras de engenharia hidráulica com inúmeros diques e as levadas dos nossos rios: arda e sardoura.

De outros testemunhos mais recentes, alguns arruinados, ainda assim do que nos resta e pode advir de reconstruções de antigas casas senhoriais da Idade Média, nalguns casos, fortemante associadas a narrativas e lendas a que alguns insuspeitos genealogistas e investigadores se dedicaram já em estudos e registos, vemos cada vez mais montes de ruínas, casas destelhadas, desleixo e abandono. Falamos de Vegide, Gondim, Serrada, Boavista...

De alguns valores da nossa rede viária, com interessante história e com elementos valiosos que realçam, matérias primas, saberes  e  até a influência politica e visão urbanistica romântica de personagem paivense (Conde de Castelo de Paiva), também esses, vemo-los igualmente arrasados, noutros casos abandonados e desleixados. (Meia Laranja e acesso Bafareira à Vila).

Apenas uma consciencialização da população que saia a terrreiro, identificando, divulgando e exigindo outra atitude pode salvar valores e decorrentemente esse enorme capital de memória, história e mais valia  que pode encontrar no turismo um factor multiplicador; uma alavanca para o nosso desenvolvimento.

Muito do que é importante fazer pode ser conseguido com exíguos fundos. Igualmente importante é que haja mobilização das pessoas para essas causas. Depois, a seu tempo, se haverão de encontrar prioridades e formas de fazer frente aos projectos mais pertinentes (são o caso dos orçamentos participativos; projectos intermunicipais, candidaturas a fundos comunitários, etc).
A nossa situção geográfica não tem sido - de longa data - integrada, "amassada" com os outros "factores de produção" - ser marginal ao Douro, estar situado a 30 Km da 2.ª cidade do País, (um dos grandes aglomerado urbanos da peninsula); beber água da Paiva, que é como quem diz, sermos usufrutuários de um espaço classificado Rede Natura 2000 pela União Europeia e sem esquecer tudo o que temos dito sobre a nossa valia em termos geológicos, mineiros e de história natural) a que estão hoje associadas e muito interessadas instituições como o Geoparque/Arouca e ADRIMAG é de  uma riqueza imensa.
Certo é que estes diamantes terão de ser trabalhados no futuro, não basta mostrá-los, ainda que isso - dado o estado das coisas- seja nesta fase muito importante.

Lanço daqui um desafio a todos e cada um dos naturais e residentes no concelho: vamos fotografar, identificar (localizar até com coordenadas gps), perguntar quem saiba, todos  os elementos/conjuntos, monumentos/valores, sejam eles arqueológicos, naturais, etnográficos ou geológicos, que existam por aí. Não necessitam de estar classificados como monumentos, basta que lhes reconheçamos valor de memória. Isso é suficiente. Paralelamente o desafio faz-se também a quem tenha fotos, documentos, memórias que possa partilhar sobre este tema, que estamos certos há-de surprender-nos, e que será concerteza um importante tributo que prestamos aos nossos antepassados, valorizando-nos ao mesmo tempo.

Vamos propôr na ADEP adoptar esta ideia para criar um concurso e um espaço próprio onde possam ser depositados, divulgados, "postados" todos os contributos.

Vamos a isso ?!


martinho rocha




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